Primeiro centroavante nato do Rio Grande Do Sul

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O Rio Grande do Sul tem uma curiosa história centroavantística. O primeiro dos maiores foi Luiz Carvalho, o “Rei da Virada”. Luiz Carvalho foi convocado para a Seleção – façanha para um gaúcho nos anos 30. Em 1940, já aposentado, foi ao Fortim da Baixada a fim de assistir a Grêmio versus Independiente. O Independiente ostentava o título de bicampeão argentino, fazia uma excursão impecável pelo Brasil, vencendo todos os jogos em Rio-São Paulo. Seus jogadores eram chamados de “maestros”. No primeiro tempo contra o Grêmio, vencia por 1 a 0 e jogava melhor. Ao chegar o intervalo, os torcedores gremistas, antevendo a derrota, apelaram para o velho Luiz Carvalho, sentado no pavilhão de madeira que mais tarde seria trocado pelo passe de Aírton. Pediram que Luiz Carvalho entrasse em campo, gritaram, imploraram. Luiz Carvalho vacilou, mas acabou cedendo. Desceu aos vestiários, calçou as chuteiras, envergou a camisa tricolor e entrou em campo: o Grêmio venceu por 2 a 1, Luiz Carvalho marcou um gol e foi considerado o melhor da partida. A partir daquele dia, ele é que foi chamado de “El Maestro”.
Luiz Carvalho um dia tinha de parar. Aí o Inter é que forjou supercentroavantes: Villalba e Adãozinho no Rolo Compressor dos anos 40 e Larry Pinto de Faria no começo dos anos 50. Foi nesse período que o Inter se tornou o clube que é. Ganhou títulos: 12 em 15 anos. Ultrapassou o Grêmio em vitórias em Gre-Nais, vantagem que o Grêmio ainda não conseguiu desfazer: foram 44 vitórias, 24 empates e 12 derrotas. Finalmente, transformou-se no clube mais popular do Estado, graças à atuação do primeiro chefe de torcida organizada da cidade, o bancário e Rei Momo Vicente Rao.
O Grêmio teve de mudar para recuperar sua popularidade. Teve de se modernizar, ganhar títulos e, claro, arrumar centroavantes. Só conseguiu desmontar o Rolo Compressor quando fincou um 9 de verdade no meio da área inimiga: Geada. E, depois, em meados dos anos 50, recuperou a hegemonia com Juarez, o “Tanque”. Juarez era retaco, forte e tosco. Na meia, servindo-o, jogava Gessy Lima, um craque puro, o melhor jogador, depois de Pelé, naturalmente.
O Grêmio manteve a hegemonia porque, depois de Juarez, surgiu Alcindo, o Bugre destruidor de defesas. E o Inter reergueu-se nos anos 70 porque seu centroavante era Claudiomiro, o “Bigorna”, um mamute que não passava pelos zagueiros; passava por cima dos zagueiros. Para contar a história dos times vitoriosos da Dupla há que se contar a história de seus centroavantes: Flávio Minuano e Dario, Lima e Jardel. E Pato. Só por seis meses, verdade, mas foi o que bastou para Pato mostrar que é centroavante. Assim continua a história e assim continuará: o centroavante, impávido no meio da área, único, raro, insubstituível.

(Fonte: Zero Hora – Ano44 – N°15.539 – Esportes – Por David Coimbra – Pág; 50)

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