Lamine Diack, chefão do atletismo condenado por corrupção
Lamine Diack (Dakar, Senegal em 7 de junho de 1933 – Senegal, 3 de dezembro de 2021), ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF).
Diack liderou a Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf) de 1999 a 2015, tornando-o uma das pessoas mais poderosas do atletismo mundial. Mas ele foi mais tarde considerado culpado de dirigir um grupo que encobriu o doping russo em troca de milhões de dólares em subornos.
Diack sucedeu o italiano Primo Nebiolo, após a sua morte em 1999, como presidente da IAAF, servindo até 2015, quando o britânico Sebastian Coe, atual presidente, foi eleito após ele ter seu nome envolvido em diversos escândalos de corrupção.
Nascido em Dakar, capital do Senegal, em 1933, Diack teve uma vida ligada ao esporte. Não apenas dirigente, como também na função de atleta. Ele praticou diversas modalidades na infância: atletismo, basquete, futebol, ténis e vôlei. O senegalês se tornou, antes da independência do país, campeão nacional (7,63 metros) e campeão universitário (7,72 metros) no salto em distância na França, em 1958 e 1959, respectivamente.
Diack frequentou a universidade na França, onde foi campeão de salto em distância nos anos 1950. Posteriormente, ele treinou futebol no Senegal e ajudou a administrar a seleção nacional, o que lhe permitiu a transição para a política.
Diack foi prefeito de Dacar de 1978-1980, e mais tarde foi vice-presidente sênior da Assembleia Nacional do Senegal.
Em 1973, Diack foi eleito o primeiro presidente da Confederação Africana de Atletismo e ocupou a presidência do Comité Olímpico do Senegal de 1985 até 2002. Desempenhou as funções de Ministro da Juventude e Desportos do país, de Presidente da Câmara de Dakar e ainda se elegeu deputado na Assembleia Nacional do Senegal.
Como presidente da Iaaf, ele foi considerado culpado de solicitar subornos no total de 3,45 milhões de euros de atletas suspeitos de doping para encobrir os resultados dos testes e deixá-los continuar competindo, inclusive nos Jogos Olímpicos de Londres 2012.
Ele pagou a outros funcionários da Iaaf para ajudar com a cobertura, e também aceitou dinheiro russo para ajudar a financiar a campanha presidencial de 2012 do líder senegalês Macky Sall, segundo o tribunal.
O filho de Diack, Papa Massata, estava no centro do escândalo ao seu lado, mas fugiu para o Senegal e foi julgado à revelia. Ele recebeu uma sentença de 5 anos de prisão no ano passado, que seus advogados disseram que iriam recorrer.
A carreira de Lamine Diack ficou manchada após 2015, quando foi preso em Paris, juntamente com o seu advogado, Habib Cissé, por suspeita de desvio de fundos da IAAF e de receber “suborno” para facilitar o doping na Rússia. Em setembro de 2020, o ex-presidente da IAAF ainda foi considerado culpado por corrupção ativa e passiva, bem como violação de confiança, e condenado a mais quatro anos de prisão – dois deles isentos de cumprimento – bem como a pagar uma multa máxima de 500 mil euros.
Após passar alguns anos preso na França cumprindo pena por corrupção na atribuição das sedes dos Jogos Olímpicos de 2016 (Rio de Janeiro) e 2020 (Tóquio), além de investigado por acobertar casos de doping na Rússia, o dirigente estava em Dakar, onde nasceu, desde maio de 2021.
Diack também foi acusado de vender votos ao Rio de Janeiro na disputa pelo direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016.
Um tribunal francês o condenou a quatro anos de prisão em 2020, mas ele nunca foi preso. Ele permaneceu em prisão domiciliar na França e mais tarde foi libertado sob fiança, permitindo que ele voltasse ao Senegal.
Um entusiasta do esporte
Lamine Diack sempre foi um entusiasta do esporte. Na juventude, ele jogou futebol, vôlei, basquete e praticou atletismo.
Em 1958, ele se tornou campeão francês de salto em distância antes de se formar na Escola Nacional de Impostos em Paris com diploma em direito público. De volta ao Senegal, ele se tornou inspetor fiscal e patrimonial na administração pública.
De 1964 a 1968, Lamine Diack foi nomeado Diretor Técnico Nacional do futebol senegalês. Dez anos mais tarde, ele entrou para a política e foi eleito prefeito de Dacar de 1978 a 1980.
Paralelamente, ele construiu uma carreira no mundo do esporte. Depois de assumir a presidência da Confederação Africana de Atletismo, em 1973, ele se juntou ao Comitê Olímpico Nacional (COI), entidade que presidiu de 1985 a 2002.
Nepotismo
Em 1987, Diack se tornou também vice-presidente da IAAF. Em 1999, ele assumiu a presidência da Federação Internacional de Atletismo após a morte do italiano Primo Nebiolo. O senegalês foi o primeiro não europeu a chegar ao cargo.
Mas com o fim de seus quatro mandatos à frente da Federação, veio à tona o amplo sistema de corrupção instalado na instituição, com ramificações familiares. Seu filho, Papa Massata, ex-conselheiro de marketing da IAAF, também foi julgado em Paris por corrupção e lavagem de dinheiro no mesmo processo.
O clã Diack também foi acusado de ter atrasado a aplicação de sanções disciplinadores contra atletas russos suspeitos de doping, em troca da renovação de contratos de marketing e de transmissão pela tevê do Mundial de 2013 em Moscou.
Além disso, ele também teria tido acesso a recursos russos para financiar a oposição ao presidente Abdoulaye Wade durante a eleição presidencial de 2012 no Senegal, vencida por Macky Sall.
Após sua acusação pelo sistema judiciário francês, Lamine Diack também se demitiu como membro honorário do COI.
Lamine Diack faleceu em 3 de dezembro de 2021, aos 88 anos, em casa, no Senegal.
(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/esportes/other – ESPORTES / OTHER / por ESTADÃO CONTEÚDO – 03/12/2021)
(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/esportes/noticias – ESPORTES / NOTÍCIAS / Por Diadie Ba – 03/12/2021)