Maria Callas, cantora lírica que estrelou 25 espetáculos entre 1950 e 1962, no palco do Teatro alla Scala, casa de ópera mais prestigiosa da Itália, entre eles “I Vespri Siciliani” e “La Traviata”, de Giuseppe Verdi, “Norma”, de Vincenzo Bellini, e “Medea”, de Luigi Cherubini

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Maria Callas, evocou beleza e tragédia, se transformou em mito

 

 

Maria Callas (Nova York, 4 de dezembro de 1923 – Paris, 16 de setembro de 1977), cantora lírica de origem grega. A soprano participou de cerca de 20 óperas completas gravadas, de onde sobressai a grandiosidade da artista, uma figura rica e complexa, foi uma perfeccionista que ousou e errou, mas nunca foi medíocre.

Considerada a primeira cantora lírica a se tornar uma celebridade popular, Callas teve a carreira acompanhada por fotógrafos, seja posando, seja em flagras de paparazzi.

Nascida em Nova York, a soprano viveu o auge da sua carreira em Milão, no palco do Teatro alla Scala. Na casa de ópera mais prestigiosa da Itália, a artista estrelou 25 espetáculos entre 1950 e 1962, entre eles “I Vespri Siciliani” e “La Traviata”, de Giuseppe Verdi, “Norma”, de Vincenzo Bellini, e “Medea”, de Luigi Cherubini (1760—1842).

Como a própria Callas definiu, sua relação com o teatro milanês foi um casamento feliz. “Se tornar e se manter célebre no Scala é uma coroação. Para mim, o Scala significou poder dar o meu melhor. Naquele tempo, os artistas buscavam o melhor e recebiam de volta o melhor. Foi um casamento muito feliz”, disse, em entrevista gravada pouco antes de morrer, em 1977.

Foi em Milão, onde viveu por cerca de dez anos, que ganhou força o apelido “la divina”. Pela voz e capacidade de interpretação, mas também devido ao seu estilo majestoso que se mesclava com o ar “frizzante” da cidade, em pleno boom econômico do pós-guerra. Efervescência cultural, na moda e no design, rodas sociais cada vez mais glamourosas – foi nesse ambiente que ela se transformou em mito.

Quem poderia separar a inigualável intérprete de papeis como “Norma” ou “Medéia” (dos quais ela praticamente se assenhoreou) e a maravilhosa mulher com quem Aristóteles Onassis manteve, durante dez anos, a mais tempestuosa de suas ligações? Que fato a caracterizaria na verdade: a profissional que recusou voltar aos palcos em 1969, sob a direção de Lucchino Visconti, apenas porque os produtores não lhe garantiram o mínimo de um mês de ensaios? – ou a irritada prima dona que em 1958 abandonou no meio uma récita deixando na plateia o presidente da República da Itália, Giovanni Gronchi, apenas porque o público não a aplaudira – a seu gosto – após o primeiro ato?

De qualquer forma, ambos os aspectos contribuíram para a construção do mito Callas. Nascida em Nova York, em 4 de dezembro de 1923, foi um talento precoce e aos 15 anos estreou na Grécia como “Santuzza”, dificílimo papel dramático de uma mulher apaixonada, na “Cavalleria Rusticana”. A carreira internacional, propriamente, começaria na Itália, em 1947. No mesmo ano, a carreira amorosa: Callas conheceu Giovanbattista Meneghini, rico industrial de Milão, 26 anos mais velho que ela. Casaram-se em 1949.

No ano seguinte Callas chegava à mais importante casa de ópera da Itália: o teatro Scala, de Milão. E daí em diante, em termos de ópera, dominaria toda a década. Tanto quanto sua voz extensa e poderosa, concorreram para isso seus raríssimos dotes dramáticos – e uma certa beleza física, que ela conseguiu a duras penas, com um regime em que perdeu mais de 30 quilos. “Foi a maior atriz a pisar o palco italiano depois de Eleonora Duse”, chegou a dizer Lucchino Visconti. E, em função disso, Callas não hesitou em submeter a voz – e seus próprios defeitos, como o timbre rouco, o insistente vibrato – às necessidades e aos conflitos das personagens.

A trajetória fulgurante durou até, aproximadamente, 1960. No ano anterior, Callas acompanhara o marido em um cruzeiro a bordo do iate “Christina”, cujo dono, Onassis, ela conhecera ainda gordota e menina, cantando em seu casamento com Tina Livanos. O reencontro determinou uma súbita interrupção da viagem, com escândalos a bordo. Paradoxalmente, a descoberta do grande amor (pelo menos Callas parece tê-lo considerado) marcou o início da derrocada. Em 1962, inclusive sob a pressão do escândalo conjugal na Itália, teve que abandonar o Scala. Em 1964, em Paris, perdeu subitamente a voz, durante uma récita de “Norma”. Em 1965, finalmente, cancelava alguns recitais em Londres – e iniciava um silêncio de muitos anos. A ligação com Onassis terminaria em 1969, com o surgimento de uma nova estrela: Jacqueline Kennedy. Diante da qual Callas se limitou a uma ironia: “Creio que a senhora Kennedy fez muito bem em arrumar um avô para seus filhos”.

O silêncio artístico foi quebrado por uma única (e bela) experiência em cinema: “Medéia”, de Pasolini, em 1969. E em 1973, após ter dado algumas aulas em Nova York, Callas experimentou voltar aos palcos numa série de recitais. O sucesso foi relativo – ao que ela, lucidamente, argumentou: “E alguém esperava que eu ainda cantasse hoje como há vinte anos?”

Um magnífico apartamento na Avenue Georges Manddel, em Paris. Um piano de meia cauda Steinway, ainda usado para ensaios e exercícios. E uma disponibilidade sentimental absoluta. Seria a decadência?

Para Maria Ana Cecilia Sofia Kalogeropoulos, quase isso. Discreta e solitária, nos últimos quatro anos, ela ainda preparava, segundo os amigos, algumas gravações. Constituiriam, evidentemente, mais uma de suas discutidas rentrées. Antes de consegui-la, entretanto, Maria Callas, aos 53 anos, foi colhida por um ataque cardíaco, dia 16 de setembro, a meio caminho entre seu quarto e o banheiro. E com ela morreram também mais uma época e um mito: o da “diva” operística, a primeira-dona absoluta, a cantora superdotada capaz de arrebatar plateias, criar aguerridas facções de admiradores e fascinar o mundo tanto como artista quanto personagem.

De fato, duas décadas antes, ela criara uma nova noção de cantora lírica e de ópera e de estilo. A ponto de um crítico lembrar, por ocasião do discreto sucesso de 1973: “Mesmo seus detratores sempre o reconheceram: houve um canto dramático antes da Callas – e outro depois dela”.

A soprano Maria Callas teve uma vida trágica, com dramas de vários tipos, morreu aos 55 anos, em Paris, na França.

(Fonte: www.guiadoscuriosos.com.br – Fatos do dia – 16 de setembro de 2011)
(Fonte: Revista Veja, 21 de setembro de 1977 – Edição 472 – MÚSICA – Pág; 104)

(Créditos autorais: https://www.msn.com/pt-br/entretenimento/noticias – Folha de S.Paulo/ ENTRETENIMENTO/ NOTÍCIAS/ História por MICHELE OLIVEIRA/ (FOLHAPRESS) – MILÃO, ITÁLIA – 03/12/2023)

Em 5 de julho de 1964 – A soprano Maria Callas fez sua última apresentação. Ela interpretou Tosca, de Puccini, em Londres.
(Fonte: http://www.guiadoscuriosos.com.br/fatos_dia – 5 de julho)

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