Paulo Lemgruber, pecuarista que mudou a história do boi no Brasil, foi um dos responsáveis pelo melhoramento do gado Nelore, foi um dos precursores da história da pecuária no Brasil

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Pecuarista que mudou a história do boi no Brasil

Criador é da família pioneira, responsável por trazer ao Brasil o gado Nelore, base do rebanho bovino de corte do país

 

Criador de nelore herdou e deu continuidade a um dos mais tradicionais trabalhos de melhoramento da raça zebuína no país.

(Foto: Reprodução/ABCZ)

 

 

Paulo Lutterbach Lemgruber , foi um dos pioneiros da pecuária brasileira, um dos precursores da história da pecuária, foi um dos responsáveis pelo melhoramento do gado Nelore no Brasil. O pecuarista foi considerado um personagem marcante para o agronegócio, pois deu continuidade ao melhoramento genético do gado Nelore Lemgruber. A raça é uma das mais importantes do país e tem grande papel na produção de carne bovina.

 

Paulo Lemgruber, exerceu um trabalho importante da área de melhoramento genético e agropecuária, de iniciativas de aprimoramento da linhagem de gado Nelore. O pecuarista promoveu a transição para um melhoramento baseado em um programa institucionalizado de seleção dos melhores animais.

 

Nos últimos 40 anos, a raça de gado passou a ser registrada na ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu), a maior associação do mundo de raças zebuínas. Em 2014, os animais também passaram a ser acompanhados pelo Geneplus, um programa da Embrapa de Melhoramento de Gado de Corte, desenvolvido em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

 

A história da pecuária brasileira, um dos maiores ecossistemas de produção de carne bovina do mundo, tem personagens marcantes pelo papel que desempenharam.

 

Os animais criados pela família Lemgruber nunca foram cruzados com outros animais de fora do rebanho formado na fazenda de Carmo, uma propriedade de 1.000 hectares. Foi desse local que o gado se espalhou pelo Rio de Janeiro, ganhando fama em São Paulo e Minas Gerais e hoje em todo o país.

 

A fazenda é quase um local de peregrinação para quem deseja conhecer o trabalho de Paulo e uma parte considerável do que é hoje a raça símbolo da pecuária brasileira.

 

A construção da história do Nelore Lemgruber, como é conhecido esse criatório, se confunde com a história do nelore no Brasil. Foi o primo de Paulo, o imigrante suíço fabricante de rodas d’água Manoel Ubelhart Lemgruber, que conheceu o gado de origem indiana trancafiado em uma jaula de zoológico na Alemanha, e decidiu trazer o animal para o Brasil, em 1878.

 

Na época, a palavra nelore ainda não era utilizada, o nome da raça era ongole. Vieram para o Brasil o touro e um bezerro. O feito foi tão exótico para a época que também veio junto o tratador dos animais, um indiano que se recusava a deixá-los sozinhos por serem considerados sagrados em seu país de origem, a Índia.

 

A história, que poderia ter tomado outro rumo – Manoel Lemgruber morreu em julho de 1921 –, continuou. Está aqui a importância dos herdeiros dessa linhagem do nelore que, no caso de Paulo, agora continua com sua filha Cláudia e de uma equipe de peões especializados no manejo do rebanho.

 

Lemgruber desenvolveu intenso trabalho de melhoria genética do nelore, o gado indiano trazido ao país pelo seu avô, o imigrante suíço Manoel Ubelhart Lemgruber.O nelore é considerado a raça símbolo da pecuária brasileira, a segunda maior do mundo em produção de carne, com 10 milhões de toneladas anuais de carcaça – atrás apenas dos Estados Unidos – e a primeira em volume de exportação, com 2,5 milhões de toneladas por ano.

Chegada do Nelore no Brasil

 

A história da chegada desse bovino indiano ao Brasil é um dos episódios marcantes da pecuária mundial. Em 1878, Manoel Lemgruber ficou admirado com as características de um touro e um bezerro presos em uma jaula, em um zoológico da Alemanha, e decidiu trazê-los para o Brasil. Como o tratador indiano dos bovinos se recusava a deixá-los sozinhos, pois são animais sagrados em seu país, ele foi trazido para o Brasil. A família havia migrado em 1819 para o cultivo do café e, décadas mais tarde, com o declínio da cultura cafeeira, passou a criar gado.

 

Manoel morreu em julho de 1921, mas os descendentes continuaram o aperfeiçoamento da raça. Os bovinos criados pela família nunca foram cruzados com outros animais fora do rebanho formado na fazenda do Carmo e o gado passou a ser conhecido como nelore Lemgruber. Dali a genética se espalhou para o país. Os animais de corte são conhecidos pelo bom rendimento da carcaça e as matrizes leiteiras por criarem bem seus bezerros. Os Lemgruber conseguiram tornar mais dócil uma raça conhecida por ser “nervosa”. Paulo formou outra fazenda, a Santa Clara, em Mucuri (BA). Com sua morte, a filha Cláudia, que já está à frente das propriedades, deve manter os criatórios.

A fama do gado, desde o início, era a de conferir ao rebanho características como carcaça volumosa, o que significa mais cortes de carne, e vacas de muita habilidade materna, que significa boas mães de produção de leite para engordar com folga seu bezerro. Mas uma características por muito tempo delegada a segundo plano, a índole dócil dos animais dessa linhagem, é hoje um dos atributos mais desejados: bovinos mansos é o desejo de todo pecuarista que trabalha com bem-estar animal.

 

A importância de Paulo Lemgruber, no período que lhe coube dos 144 anos de trabalho de melhoramento genético da linhagem, foi promover a transição para um melhoramento baseado em um programa institucionalizado de seleção dos melhores animais. Nas últimas quatro décadas, o gado passou a ser registrado na ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu), maior associação do mundo de raças zebuínas, e a partir de 2014, o rebanho passou a ser acompanhado pelo Geneplus (Programa Embrapa de Melhoramento de Gado de Corte), trabalho desenvolvido na unidade Gado de Corte, em Campo Grande (MS).

 

Paulo Lemgruber faleceu aos 89 anos, na segunda-feira (6/9) por complicações cardíacas, no Hospital de Nova Friburgo (RJ). Seu corpo foi sepultado no dia 7, Dia da Independência, no município de Carmo, na serra fluminense, onde está localizada a Fazenda São José, uma de suas propriedades.

Entidades lamentam morte

Nas últimas quatro décadas, o gado passou a ser registrado na Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), maior associação do mundo de raças zebuínas. Em nota, a ABCZ lamentou a morte do pecuarista. “O sr. Paulo traz na identidade e na genética duas das maiores referências na história do Zebu Brasil. A família Lemgruber, assim como a família Lutterbach, dispensam apresentações. Enxergaram na espécie uma potencialidade ainda desconhecida e investiram nela. Se o Zebu brasileiro é hoje essa grande referência mundial, é também graças ao pioneirismo e empreendedorismo dessas famílias, passando pelas mãos do sr. Paulo Lemgruber, que hoje se despede de nós fisicamente, mas não na memória. Será eternamente lembrado pela importante contribuição para a pecuária e economia do nosso país”, escreveu.

A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) também lamentou o falecimento de Paulo Lemgruber e se solidarizou com os familiares e amigos do pecuarista. “Paulo Lemgruber foi uma referência para a produção de carne bovina no Brasil. Homem dedicado ao agronegócio, também era um grande amigo e exemplo para a pecuária. Durante sua vida, teve participação fundamental na evolução do Nelore, que se tornou a raça forte que conhecemos hoje. Desejamos que ele descanse em paz e prestamos nossas condolências à família”, disse Nabih Amin El Aouar, presidente da ACNB.

A entidade lembrou que Paulo fez parte de uma geração que continuou o trabalho de melhoramento do nelore iniciado por seus antepassados. “O Nelore Lemgruber figura como uma das principais marcas do país, trabalhando com a genética da principal raça zebuína há mais de 100 anos. Além disso, o criatório também participou da primeira importação de animais Nelore, no século passado.” Em 2018, na Nelore Fest, da ACNB, em comemoração aos 150 anos do nelore no Brasil, Paulo recebeu homenagem da associação pelo pioneirismo na criação da raça.

(Fonte: https://globorural.globo.com/Noticias/Criacao/Boi/noticia/2022/09 – NOTÍCIAS / CRIAÇÃO / BOI / por ESTADÃO CONTEÚDO – 08 SET 2022)

(Fonte: https://forbes.com.br/forbesagro/2022/09 – FORBES AGRO / por REDAÇÃO – 7 de setembro de 2022)

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