UM BEAT ALÉM DA FAMA
Jack Kerouac (Lowell, Massachusetts, 12 de março de 1922 St. Peterburg, Flórida, 21 de outubro de 1969), escritor norte-americano considerado o Rei dos Beats. Autor de On The Road.
Kerouac nasceu em Lowell, Massachusetts, em 12 de março de 1922; era o mais novo de três filhos de uma família de origem franco-canadense. O autor de On The Road, livro que ganhou sua adaptação para a grande tela, morreu em outubro de 1969. Segundo muitos, o chamado Rei dos Beats sucumbiu frente ao tédio e ao alcoolismo.
Quando o livro “On the Road” (“Pela Estrada Afora”), de Jack Kerouac, foi publicado, em 1957, um crítico do “New York Times” saudou-o como “uma ocasião histórica”, a expressão mais importante e mais bela da sua geração – a geração “beat”. “Beat” pode significar cansado, vencido; ou ritmo, a batida do jazz; ou ainda abreviação de beatitude. Jack Kerouac englobava todos esses significados. Como James Dean, era o ídolo de jovens rebeldes sem causa, “embriagados pela velocidade e pela liberdade que o automóvel traz”. “On the Road” celebrava a vida errante, as caronas de carros nas estradas, percorrendo a América em todas as direções. Das florestas de uma América rural e perdida, as viagens levavam ao México verdejante, país das plantas “sagradas” – a mescalina, a maconha – que traziam o êxtase instantâneo. Primeiros a contestar a vida bem comportada, a gravata, a missa dominical e os investimentos seguros na bolsa, os “beats” entregavam-se às orgias sexuais, cerimônias de iniciação Zen-Budista ou frenéticas audições de jazz que podiam terminar em suicídios.
A busca é o porquê – “A minha geração busca. Não é uma geração perdida como a de 1920. Acreditamos na existência, como Kierkegaard e não como Sartre. Buscamos a essência das coisas e não a razão das coisas. Essa busca é o porquê da nossa caminhada. Temos os nervos à flor da pele. Somos uma geração que nasceu da guerra (a Segunda Guerra Mundial), da violência, gemocídios e falsas ideologias. Temos que achar… Deus. Queremos que Deus nos mostre a Sua Face” – proclamava o manifesto do autor ingênuo e narcisista, que erguera um altar “a minha origem bretã e à minha fé mistico-católica”. Para sobreviver, Kerouac tinha empregos temporários: marinheiro, sinaleiro, ajudante de cozinheiro, colhedor de algodão, faroleiro. Mas preferia ser guarda florestal num Parque Nacional frio e desolado, lendo longos trechos de Rimbaud e de Buda para seus espantados colegas ou para os ursos sonolentos.
Mas a sociedade de consumo vingou-se do marginalizado voluntário. Fugindo ao sucesso de seu livro, Kerouac tentou resistir, insistindo, livro após livro, nos temas gastos como um disco velho. Mas a realidade desmentia o mito do “viajante solitário” Kerouac casou-se e fixou-se na Califórnia perto de seu ídolo, Henry Miller, o libertador sexual da América puritana, denunciada como “um pesadelo dotado de ar condicionado”.
O enevelhecimento rápido Novos ídolos, novos movimentos jovens tornaram Kerouac uma figura empoeirada da década remota de 50. Allen Ginsberg, o poeta dos hippies, e Timothy Leary, o pai do LSD, propunham novos inconformismos: marchas contra a guerra do Vietnam, viagens psicodélicas em vez de viagens líricas pela América inteira. O evocador das pradarias líricas, da liberdade, da vida eternamente provisória, não tinha mais nada para dizer. Como afirmara anteriormente: Eu não tinha nada para oferecer a ninguém, senão a minha própria confusão. No dia 21 de outubro de 1969, num hospital da Flórida, Jack Duluoz Kerouac morreu, vítima de uma hemorragia, aos 47 anos de idade, sobrevivente da sua própria fama, só lembrado e tirado do esquecimento pelo obituário apressado dos jornais do mundo inteiro.
(Fonte: wp.clicrbs.com.br/grings/2012/03/12)
(Fonte: Veja, 29 de outubro de 1969 Edição n° 60 Literatura Pág; 70)
(Fonte: Zero Hora – ANO 48 – Nº 16.958 – Almanaque GAÚCHO/ Por Ricardo Chaves – 12 de março de 2012 – Pág; 36)
Pé na estrada
On the Road, filme baseado na obra definitiva do escritor beat Jack Kerouac
Diz a lenda que Bob Dylan fugiu de casa após terminar de ler o livro. Jim Morrison, do The Doors, e Chrissie Hynde, dos Pretenders, são outros que já demonstraram seu apreço pelo material escrito por Kerouac.
O filme On the Road, adaptação do romance homônimo do escritor beatnik Jack Kerouac, teve seu primeiro trailer divulgado. Dirigido pelo brasileiro Walter Salles e protagonizado por Garrett Hedlund, Kristen Stewart e Sam Riley, a história baseada em fatos reais e lançada originalmente em 1957 conta como o escritor Sal (baseado no próprio Kerouac) conhece Dean (Neil Cassady) e sua mulher, Marylou (Luanne Henderson).
As histórias que surgem a partir do encontro entre os três e a viagem pelas estradas de leste a oeste dos Estados Unidos viraram referência para muita gente. Diz a lenda que Bob Dylan fugiu de casa após terminar de ler o livro. Jim Morrison, do The Doors, e Chrissie Hynde, dos Pretenders, são outros que já demonstraram seu apreço pelo material escrito por Kerouac.
A ideia de levar a obra definitiva do autor para a telona não é nova. Antes de chegar ao brasileiro Walter Salles, Gus Van Sant chegou a ser cogitado para a função com ninguém menos que Francis Ford Coppola fazendo as vezes de produtor. Além dos protagonistas citados acima, Viggo Mortensen, Kirsten Dunst, Steve Buscemi, Amy Adams, Tom Sturridge e a brasileira Alice Braga dão as caras no filme.
(Fonte: http://revistaalfa.abril.com.br/entretenimento/cinema – 13/03/2012)