Raul Longras, locutor esportivo, que ficou famoso por haver inventado o grito longo de gooooooool, ainda hoje utilizado no futebol, e apresentador de televisão que criou o programa Casamento da TV, exibido de 6 de agosto de 1967 a 6 de julho de 1969, sucesso de audiência na Rede Globo no final dos anos 60.
Com produção de Rui Mattos e apresentação de Raul Longras, Casamento na TV era um programa de auditório que promovia entrevistas com homens e mulheres de diversos estados do país que pretendiam casar-se, e buscavam um parceiro.
A direção do programa esteve a cargo de Mário Franco e Augusto César Vannucci, além do próprio Raul Longras. Com 45 minutos de duração, o Casamento na TV era produzido e exibido no Rio de Janeiro, mas chegou a ser transmitido também para São Paulo, em videoteipe.
Seu nome verdadeiro era Raul Silva. “Graças ao meu programa, mais de 1 000 casamentos se realizaram só na cidade do Rio de Janeiro”, orgulhava-se Longras, que se casou duas vezes, mas morreu sozinho numa casa modesta na cidade mineira de Juiz de Fora, onde vivia há dez anos.
Raul Longras foi, talvez, o mais povão de todos os narradores. Era um contestador. E, enquanto alguns outros se esmeravam em frases redondas e empoladas, com esses e erres supercaprichados, o Longras introduzia o esculacho, a forma carioca de falar e a mania de gozar a tudo e todos, como se estivesse transmitindo da arquibancada.
O “PIMBA”, por exemplo. É muito mais expressivo gritar “PIMBA” do que dizer: “Zizinho abre caminho, limpa o lance e acerta um petardo”, como era comum à época chamar de petardo ao chute forte. “Pimba” sintetizava tudo e era muito mais ameaçador.
Igualmente chamar as redes de véu da noiva ou de filó era outro achado de Longras. Muitos estudiosos da psicologia humana comparam a simbologia do futebol com a do ato sexual.
O gol seria a grande penetração, o caminho para o orgasmo, dizem os doutos. Ligar a baliza, a meta, o alvo com a figura da noiva, e o gol como uma espécie de desvirginação não deixa de ser altamente expressivo. Pois “pimba” simboliza tudo isso…
Longras era a presença do bom humor e da gíria carioca, onde só havia contração, fala solene ou, então, os maus bofes das broncas formidandas do Ary Barroso no ar.
Longras faleceu dia 4 de abril de 1990, aos 76 anos, de enfarte, em Juiz de Fora.
(Fonte: Veja, 11 de abril de 1990 – Edição n° 1125 ANO 23 N.° 14 – DATAS – Pág; 59)
(Fonte: www.memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo)
(Fonte: www.riototal.com.br/coojornal – Artur da Távola – 12 de abril/2008)