Armando Adano, técnico em eletrônica do Impe o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e trabalha desde 1984, no projeto Novos diagnósticos de anomalias no meio geoespacial e seus efeitos na atmosfera terrestre polar, regional e global.
Cuida dos aparelhos que medem as variações climáticas e monitoram o tamanho do buraco da camada de ozônio sobre o continente. Ao contrário da maioria dos 4 mil estudiosos que se instalam nas dezenas de bases científicas abertas na Antártica durante o verão (entre dezembro e março) e dos quase 20 mil visitantes a bordo de navios turísticos, Armando é um dos pouco mais de 500 humanos que passam o inverno lá.
Por isso, tornou-se o recordista brasileiro, talvez mundial, em permanência na Antártica. Desde sua primeira viagem, em 1982 que foi também a pioneira incursão de cientistas brasileiros no gelo -, Adano voltou dezenas de vezes. E, somando todo esse tempo que passou por lá, chegou a 72 meses, ou seis de seus 46 anos de vida. As vezes se passam dias sem ir para fora, por causa dos vendavais de até 200 quilômetros por hora. Durante a estação fria, os termômetros da base brasileira já chegaram a marcar o recorde de 28,5 graus centígrados negativos, em agosto de 1991. Mas a Estação Comandante Ferraz situa-se, como mais oito de outros países, na Ilha Rei George, no arquipélago das Shetland do Sul. A ponta da Península Antártica, o ponto mais próximo do continente propriamente dito, está a 130 quilômetros de distância dali. E, quanto mais se avança em direção ao Pólo Sul, mais baixa é a temperatura. Em 21 de julho de 1983, na estação russa Vostok, ela chegou a enregelantes 89,2 graus centígrados negativos a mínima já medida na face da Terra.
Nessa época, a superfície do continente praticamente dobra. Dos 13 milhões de quilômetros quadrados medidos no verão equivalentes a uma vez e meia o território brasileiro -, no inverno a Antártica passa para mais de 25 milhões. As águas do Oceano Antártico congelam, o gelo cobre as praias.
(Fonte: Revista Terra Ano 13 N°158 Junho de 2005 Por/Luiz Henrique Fruet – Editora Peixes Pág; 24/39)