Charles Simic, aclamado poeta americano adepto do jogo de palavras vencedor do Pulitzer, e a posição de Poeta Laureado da Biblioteca de Washington

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Charles Simic, poeta americano vencedor do Pulitzer (Créditos da fotografia: Patri Hadad/Universidade do Arizona)

Charles Simic (Belgrado, Sérvia, 9 de maio de 1938 – 9 de janeiro de 2023), aclamado poeta americano adepto do jogo de palavras vencedor do prêmio Pulitzer, que testemunhou a guerra na ex-Iugoslávia e construiu uma obra monumental nos EUA.

Nascido em Belgrado, na Sérvia (então parte da antiga Iugoslávia), em 1938, Simic cresceu sob os bombardeios alemães, a ocupação nazista, mais bombardeios (agora dos Aliados) e a rota de fuga para os Estados Unidos — com uma passagem com a mãe por uma prisão soviética e um período em Paris. Ele chegou finalmente ao Novo Mundo em 1954, e já em 1959 aparecem seus primeiros poemas. Desde 1967, com a publicação do primeiro livro, sua trajetória foi marcada por premiações e distinções como o Pulitzer e a posição de Poeta Laureado da Biblioteca de Washington.

Simic foi um monumento inesgotável. Do menino que acompanhava os bombardeios e brincava de metralhadora nos escombros dos Bálcãs ao poeta que transformou em poesia a experiência cotidiana da América na segunda metade do século XX, é sempre a vida que pulsa em suas imagens arrebatadoras.

Simic publicou mais de 30 livros de poesia e atuou como editor, ensaísta e tradudor de poetas da França, da Croácia, da Sérvia e de outros países. Era colaborador de revistas como The New York Review of Books e The New Yorker.

Charles Simic nasceu em maio de 1938 na Iugoslávia com o nome Dusan Simic. Com a ocupação de seu país pelo Eixo durante a Segunda Guerra Mundial, Dusan e sua família tiveram que fugir para os Estados Unidos. Segundo Simic, Hitler e Stálin foram seus agentes de viagem.

Já nos Estados Unidos, Dusan teve seu nome alterado para Charles e a família passou a morar em Chicago. Estudou na mesma escola que o escritor Ernest Hemingway e passou a se interessar pela escrita. Seus pais não conseguiam pagar uma faculdade, mas Simic assistiu a aulas noturnas na Universidade de Chicago enquanto trabalhava em cargos menores no jornal The Chicago Sun-Times.

Em 1958, se mudou para Nova York, onde conciliou trabalhos variados com a escrita de poesia. Publicou aos 21 seus primeiros poemas na Chicago Review. Em 1961, teve que prestar serviço militar e por dois anos serviu na Alemanha e na França. A experiência afetou sua arte, que voltou mais amadurecida e menos “literária”.

Em 1964, casou com a designer de moda Helen Dubin, com quem teve Anna e Philip. Em 1966, se graduou na Universidade de Nova York. No ano seguinte, publicou seu primeiro livro, “What the Grass Says”.

O poeta deu aulas na Universidade de Nova Hampshire por mais de três décadas. Em 1990, ganhou o prêmio Pulitzer pelo livro “The World Doesn’t End”. Foi o poeta laureado dos Estados Unidos entre 2007 e 2008 –cargo de poeta oficial do país, responsável por incentivar a escrita e a apreciação de poesia.

“Estou particularmente tocado e honrado por ter sido escolhido porque sou um garoto imigrante, que não falava inglês até os 15 anos”, disse na época.

A poesia de Simic jamais poderia ser reduzida a uma fórmula. Não se deve esperar repetição. A surpresa, a invenção, o estranho sempre estão presentes. Pode ser em uma feira, avistando “o cachorro de seis patas” que passa a maior parte do tempo deitado em um canto. Pode ser a cativante imagem de seu pai, “que conferia imortalidade aos garçons”. Pode, ainda, revelar-se em imagens que transcendem o dia a dia para falar do sofrimento existencial em uma chave quase religiosa, como no poema Obscuramente Ocupado: “Senhor dos mutilados, / Os que sangraram e crucificaram / Num porão de algum presídio”. Um sofrimento que, mesmo divino, resulta humanizado por Simic.

Charles Simic faleceu aos 84 anos. Sua morte foi confirmada na segunda-feira (9) por Dan Halpern, editor executivo da Alfred A. Knopf.
(FONTE: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – NOTÍCIAS/ BRASIL/ Folha de S.Paulo / SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – 10/01/23)
(FONTE: https://veja.abril.com.br/cultura – Edição n°2726 – CULTURA/ Por Eduardo Wolf – 24 fev 2021)

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