Teófilo Stevenson (Las Tunas, 29 de março de 1952 -11 de junho de 2012), lenda do boxe cubano, considerado por especialistas o principal nome da história do boxe amador.
O peso pesado foi tricampeão olímpico (1972, 1976 e 1980) e nas 321 lutas que realizou como amador, só perdeu 20 vezes e nenhuma por nocaute. Foram 14 derrotas nas suas primeiras 20 lutas.
Na Olimpíada de 1976, em Montreal, Stevenson obteve um recorde no boxe olímpico ao nocautear seus três primeiros adversários em apenas 7 minutos e 22 segundos. Nos Jogos de Los Angeles, em 1984, devido ao boicote dos países socialistas, foi impedido de tentar o quarto ouro olímpico consecutivo. Dois anos mais tarde, provou sua superioridade ao ganhar o tricampeonato mundial.
Seus braços e pernas longos proporcionavam um estilo bonito de luta, apesar do 1,90 metros e dos mais de 90 quilos. O 1-2 (jab de esquerda, seguido de direito de direita) foi um dos mais perfeitos da história da nobre arte. “Todo mundo achava que eu derrubava os adversários com a direita, mas era com a esquerda mesmo.”
O jogo de pernas era irrepreensível e o tornava rápido como um lutador peso leve. Seus adversários não conseguiam encurtar a distância e eram massacrados com facilidade. Os mais resistentes sofriam castigos que antecipavam o fim de suas carreiras.
Seu desempenho dentro e fora dos ringues o tornou um exemplo para futuros campeões como para o compatriota Felix Savón, que repetiu o feito do ídolo e também ganhou três medalhas olímpicas (1992, 1996 e 2000) entre os pesos pesados. Assim como seu “mestre” não se rendeu aos contratos milionários vindos dos Estados Unidos e jamais se profissionalizou.
Stevenson tornou-se um ícone do regime de Fidel Castro e passou a liderar delegações cubanas nos mais diversos torneios internacionais. “Não estou aqui para falar de política”, disse Stevenson durante a Olimpíada de Pequim.
O peso pesado cubano também resistiu aos intensos assédios dos empresários norte-americanos na década de 1970 para enfrentar Muhammad Ali. “De que me vale um milhão de dólares americanos diante da tristeza de um milhão de cubanos”, declarou.
Recentemente, Stevenson deu uma entrevista coletiva em Havana negando os boatos de que estaria sofrendo de uma doença grave, apesar de admitir estar com problemas cardíacos. Na década de 1990, Stevenson recepcionou Ali durante uma visita a Cuba. Na oportunidade, os dois brincaram de boxe em um ringue improvisado. “Foi uma pena o mundo não ter assistido a essa luta”, disse Stevenson. “Acho que eu venceria, mas seria difícil”, afirmou Ali.
(Fonte: www.veja.abril.com.br/noticia/esporte -Por Wilson Baldini Jr. – 12/06/12)
Teofilo Stevenson, o campeão que não queria ser profissional
Ele era Teofilo Stevenson, o fiel. À revolução cubana e ao boxe amador. Foi três vezes campeão olímpico e era amigo de Fidel Castro. Morreu aos 60 anos dia 11 de junho de 2012, em Havana, aquele que é considerado o melhor pugilista amador de sempre, vítima de um ataque cardíaco.
Stevenson foi contemporâneo de Muhammad Ali, mas nunca o encontrou no ringue, porque nunca quis renunciar ao seu estatuto de amador, mesmo com ofertas de vários milhões de dólares de promotores norte-americanos para defrontar o lendário pugilista norte-americano para o título de pesados. “Não acredito no profissionalismo, apenas na revolução. Eu digo a estes americanos, a estes promotores, que o dinheiro não significa nada para mim. O que é um milhão de dólares comparado com o amor de oito milhões de cubanos?”, disse Stevenson numa entrevista.
Nascido em Las Tunas, uma província a norte de Cuba, a 29 de Março de 1952, sete anos antes de Fidel ter deposto o regime de Fulgencio Batista, Stevenson começou a praticar boxe em criança contra a vontade da mãe e os seus feitos nas categorias inferiores chamaram a atenção dos conselheiros desportivos soviéticos que estavam em Cuba para ajudar a desenvolver o desporto no país.
Aos 17 anos, competiu pela primeira vez no campeonato sénior cubano e perdeu, mas, depois, foi somando vitórias convincentes contra lutadores estabelecidos e rapidamente se estabeleceu como um dos melhores do país.
Nos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, Stevenson já era um dos melhores do mundo e acabaria por conquistar a primeira de três medalhas de ouro, ropendo o domínio norte-americano, não chegando, no entanto, a combater na final porque o seu adversário, um romeno, faltou ao combate.
O domínio de Stevenson no boxe amador estendeu-se ao Mundial de 1974, em Havana, e aos Jogos Olímpicos de 1976, em Montreal. O seu currículo iria crescer com mais dois títulos mundiais em 1978 (Belgrado) e 1986 (Reno) e um olímpico em 1980 (Moscovo). Poderia ter ainda conquistado mais um ouro olímpico quatro anos depois, mas Cuba acompanhou o boicote da União Soviética e de outros países comunistas aos Jogos de Los Angeles.
Stevenson retirou-se em 1988, com um registo de 302 vitórias em 321 combates, mas não abandonou o boxe, tornando-se treinador e assumindo um cargo de vice-presidente na federação cubana e assistindo ao domínio progressivo de Cuba no boxe olímpico em Atlanta 1996 a selecção cubana conquistou quatro medalhas de ouro e três de prata.
(Fonte: www.desporto.publico.pt/noticia – 12.06.2012 – BOXE – Marco Vaza)