Carlos Henrique Escobar, filósofo, dramaturgo, poeta e professor
Ele tinha uma extensa obra; em 2013, um documentário sobre sua trajetória foi premiado no Festival de Tiradentes
Não foi somente um dos maiores divulgadores da obra de Louis Althusser no continente americano, mas também um dos seus principais intérpretes no campo da linguística e da semiologia, sendo no Brasil o pioneiro dos estudos de Michel Pêcheux.
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Carlos Henrique Escobar (São Paulo, 11 de novembro de 1933 – faleceu em Aveiro, Portugal, no dia 2 de agosto de 2023), escritor e professor nasceu 1933 e ingressou cedo na militância política, enfrentando sua primeira prisão aos 15 anos. Com 17 anos escreveu sua primeira peça, Antígona América, produzida por Ruth Escobar, dirigida por Antônio Abujamra e com atuações de Sérgio Mamberti e Dina Sfat.
Ao longo dos anos, Escobar publicou diversos livros, entre eles: Proposições para uma semiologia e uma linguística (1973), Marx Trágico (O marxismo de Marx) (1993), Marx: Filósofo da potência (1996), Nietzche … (Dos “Companheiros) (2000) e Zaratustra – O corpo e os povos da tragédia (2000).
Tendo participado da fundação da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense, além de professor das Faculdades Integradas Hélio Alonso e da PUC-RJ, o nome de Escobar marcou o cenário intelectual brasileiro a partir da segunda metade dos anos 1960.
Considerado autodidata, recebeu o título de Notório Saber, concedido pela UFRJ, em janeiro de 1986.
Ele relatou sua difícil infância e de seu irmão nos tempos em que moraram nas ruas no interior de São Paulo. Muito novo, com 13 anos de idade, ingressou no PCB e enfrentou a sua primeira prisão aos 15 anos. Sua primeira obra foi escrita quando tinha 17 anos, a peça Antígona-América. Depois de se afastar do PCB por divergências políticas, Carlos Henrique Escobar casou com a atriz e produtora teatral Ruth Escobar no final dos anos 1950, e em seguida foram morar durante um tempo na França onde se tornou aluno de Maurice Merleau Ponty.
Ao retornar ao Brasil no início da década de 1960, e já separado de Ruth Escobar, foi morar no Rio de Janeiro em 1962 para participar de um curso de cinema promovido pelo Ministério das Relações Exteriores. Em depoimento dado em 1992, Escobar relatou que morou num hotel perto da Central do Brasil e obteve uma carteira da UNE para que pudesse almoçar e jantar no Restaurante Central dos Estudantes, também conhecido como “Calabouço”.
Para sobreviver, e pagar as contas, dava cursos de filosofia para grupos de estudantes (dentre os quais participaram Gilberto Velho (1945-2012), Octávio Velho, Moacir Palmeira e Yvonne Maggie), cujas aulas versavam sobre a obra de Jean Paul Sartre. Em 1969, Escobar ingressou na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ), e da qual se afastou em 1976 e retornou em 1986. Para além da UFRJ, Escobar lecionou na (Pontífice Universidade Católica (PUC-RJ), na Universidade Federal Fluminense (UFF) e nas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA) – além de dar aulas em diversos grupos de estudo e cursos de filosofia em espaços extra-universitários.
Dentre os seus livros mais importantes podemos destacar Proposições para uma semiologia e uma linguística (1972), As ciências e a filosofia (1975), Ciência da história e ideologia (1979), Marx trágico (1993), Marx, filósofo da potência (1996), Nietzsche (dos “companheiros) e Zaratustra (O corpo e os povos da tragédia), ambos publicados em 2000.
Autor de diversos livros, entre filosofia, poesia e ensaios, Escobar se aposentou em 2000, mudando-se para Portugal. Em fevereiro de 2013, foi tema de documentário, dirigido pela filha Maria Clara Escobar, Os dias com ele – eleito melhor filme pela crítica na 16ª Mostra de Cinema de Tiradentes.
Carlos Escobar faleceu em Aveiro, Portugal, no dia 2 de agosto, aos 89 anos de idade.
Escobar deixa sua esposa Ana Sacchetti e os filhos Patrícia Escobar, Maria Clara Escobar e Emílio Sacchetti Escobar.
(Créditos autorais: https://www.publishnews.com.br/materias/2023/08/17 – PUBLISHNEWS/ MEMÓRIA – PUBLISHNEWS, REDAÇÃO, 17/08/2023)
(Créditos autorais: https://aterraeredonda.com.br – A Terra é Redonda/ COLABORADORES / FILOSOFIA/ Por LUIZ EDUARDO MOTTA* – 07/08/2023)
*Luiz Eduardo Motta é professor de ciência política na UFRJ.