A nouvelle vague e sua musa
Anna Karina fez sete filmes com Godard e se tornou a atriz símbolo do cinema francês nos anos 1960.
Anna Karina, além dos sete filmes que fez com Godard, e da obra-prima com Jacques Rivette, trabalhou com outros monstros sagrados, como Luchino Visconti (O Estrangeiro), George Cukor (Justine), Raoul Ruiz (A Ilha do Tesouro), entre outros. Não se leva tão a sério e envelhece bem. “Hoje uma atriz faz uma pontinha num filme de Hollywood e já se julga dona do mundo”, ri-se.
Hanne Karin Blarke Bayer, atriz dinamarquesa nascida em Copenhague em 22 de setembro de 1940, foi musa da nouvelle vague francesa.
Anna Karina magnífica atriz de Viver a Vida, Uma Mulher É uma Mulher, Pierrot Le Fou e outros filmes de Jean-Luc Godard. Ou talvez de A Religiosa, que Jacques Rivette adaptou do clássico de Denis Diderot e que, para muita gente, é seu maior papel no cinema.
Karina teve seus tempos aureos de manequim, na França, antes de ser descoberta pelo cinema. Saiu da Dinamarca com 17 anos, menor de idade, porque não se dava com seu padrasto. Fugiu de casa. Era espancada e não podia tolerar isso. Chegou a Paris, alugou um quarto minúsculo (chambre de bonne, como dizem, quarto de empregada), sem água corrente, mas logo seu rosto foi descoberto pelas revistas da moda. Foi capa da revista Elle e Coco Chanel sugeriu a mudança de nome para Anna Carina. Ela trocou o “C” pelo “K” e assim nasceu o nome que conhecemos.
Deveria ter começado sua carreira francesa com o filme de estreia de Godard e aquele que é talvez o seu título ainda mais conhecido – Acossado, de 1960. Houve um problema. Seco, o diretor falou para a garota: “Faudra vous désabiller”. Vai ser preciso tirar a roupa. Não topou e foi-se embora. Pouco depois o cineasta a procurou para seu projeto seguinte, Le Petit Soldat (1960). Desta vez, com roupa.
Trabalhou também com Godard em Mulher é uma Mulher (1961), Viver a Vida (1962), Bande À Part (1964), Alphaville (1965), Demônio das Onze Horas (Pierrot Le Fou, 1965), Made in USA (1967) e um episódio de O Amor Através dos Séculos (1967). Foi casada com o cineasta-símbolo da nouvelle vague por quase sete anos, uma união tumultuada por separações temporárias, brigas e tentativas de suicídio.
Além de ser o rosto mais simbólico de atriz da nouvelle vague, Anna foi testemunha do método de filmagem que revolucionou o cinema dos anos 1960. Diz que o modo natural dos atores se expressarem devia-se ao bom ouvido de Godard para escrever os diálogos e não ao improviso, como se acredita. “Isso virou um mito e não tem fundamento. Não havia espaço para improvisação. Ele escrevia os diálogos, às vezes de manhã bem cedo, e nos entregava. Ensaiávamos e filmávamos em seguida”, diz.
Anna Karina tem bastante orgulho do seu trabalho na nouvelle vague. “Em especial pela permanência dos filmes no gosto do público jovem. Viajo pelo mundo todo e garotos de às vezes 15 anos vêm me dizer que viram Pierrot le Fou e adoraram; e olhe que hoje eu sou uma vovó para eles, hein?”, diz, rindo.
Esse orgulho não a deixa vaidosa ou egoica. “Acho que se há uma lição daquele tempo é a de não nos levarmos muito a sério. Sempre digo que fazíamos coisas sérias, mas sem nos acharmos pessoas importantes; simplesmente nos divertíamos.”
(Fonte: www.estadao.com.br/noticias – CULTURA/ Por Luiz Zanin Oricchio – O Estado de S.Paulo – 15 de julho de 2012)
Anna Karina, um dos símbolos máximos do cinema francês, atriz ícone da Nouvelle Vague.
A carreira multifacetada de um dos maiores expoentes do movimento cinematográfico francês da década de 60 traçou novos caminhos em 1967, quando protagonizou com seu carisma e potentes cordas vocais o musical Anna apesar de ser Hanne Karin de nascimento -, escrito pelo ícone da música francesa Serge Gainsbourg.
A partir daí, a Anna Karina, que viria a ser conhecida em Alphaville (1965), O Demônio das Onze Horas (1965), Made in USA (1966), A Religiosa (1966) e tantos outros marcos do cinema, revelou um talento além das telas. Anna transformou as canções Sous le soleil exactement e Roller Girl em grandes hits em um período em que as cantoras Jane Birkin, France Gall, Françoise Hardy e Sylvie Vartan embalavam o público ouvinte do yé-yé.
(Fonte: http://revistacult.uol.com.br – LOJA CULT/ Por GUILHERME S. ZANELLA – 16 de julho de 2012)