Primeiro governo instalado no poder após o golpe de 1964

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O general celebrizado como grande estrategista militar assumiu o encargo de comandar o primeiro governo instalado no poder com o golpe de 1964
Em 21 de março de 1964, uma circular confidencial foi transmitida a todos os generais brasileiros em posição de comando. O documento acusava João Goulart de tramar a implantação do comunismo no país e defendia um movimento militar para derrubar o presidente. Dias depois, o autor da nota conspiratória liderava o golpe que mergulharia o Brasil em duas décadas de ditadura e assumia o posto máximo da República. O novo presidente descendia do escritor José de Alencar, era general, chefiava o Estado-Maior do Exército e se chamava Humberto Castello Branco. A imensa maioria dos brasileiros, porém, jamais ouvira falar nele.
A vida militar de Castello começara com uma presumível fraude. Seu pai, oficial do Exército de serviço em Rio Pardo, queria que o menino ingressasse no Colégio Militar de Porto Alegre em 1912. Como Humberto tinha 15 anos e a idade máxima para matrícula era 12 anos, adulterou a data de nascimento do filho de 1897 para 1900. Estudioso, o menino cearense acabou se destacando pelas excelentes notas e deslanchou na carreira das armas. Nomeado oficial de operações da Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a II Guerra Mundial, celebrizou-se ao arquitetar o plano de ataque que garantiu a conquista de Monte Castelo.
Escolhido presidente pelos companheiros de farda, não titubeou em colocar a “segurança nacional” à frente dos direitos individuais: cassou mandatos e direitos políticos, suspendeu as garantias constitucionais, dissolveu os partidos, acabou com as eleições diretas para o Executivo e interveio nos sindicatos. Sua intenção, porém, era estabelecer a ordem econômica, afastar o perigo vermelho e depois entregar o poder novamente aos civis.
Democracia precisa de vez em quando de tratamento. É preciso tomar medidas drásticas para evitar que caia no oposto, a ditadura – dizia.
Essa postura relativamente liberal desagradava aos setores mais radicais do Exército. A linha dura não se conformava por Castello não ser mais rigoroso na repressão aos opositores. Acusavam-no de traição e chegaram a planejar sua queda. Pisando em campo minado, o presidente conseguiu concluir seus três anos de mandato, mas não fez o sucessor. Os radicais tomaram o poder na pessoa do general Costa e Silva, ex-colega de turma de Castello na Escola Militar de Porto Alegre. Começavam os anos negros de autoritarismo, censura e perseguição.
O ex-presidente morreu em um acidente aéreo, quatro meses depois de deixar o cargo. Estava em Quixadá (CE), onde fora visitar a escritora Raquel de Queiroz, quando recebeu o convite para voltar a Fortaleza num avião do governo estadual.

Não sou mais presidente. Prefiro voltar de trem – respondeu, recusando a mordomia.
Diante da insistência dos assessores, acabou aceitando o convite. Instantes antes do pouso, a aeronave chocou-se com um caça da Força Aérea, desgovernou-se e se espatifou no solo.

(Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/especial/especial27/50perso/ec01718g.jpg.htm http://zh.clicrbs.com.br/especial/especial27/50perso/ec01718p.jpg

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