Conhecido como Príncipe de samba, Roberto Silva se destacava pela elegância
Roberto Silva (Cantagalo, Copacabana, 9 de abril de 1920 – Inhaúma, Rio de Janeiro, 9 de setembro de 2012), cantor carioca conhecido no meio musical como o “Príncipe do Samba”.
Foram quase 75 anos dedicados à música. Nascido em Copacabana, mas criado em Inhaúma, ele começou a cantar ainda garoto e se destacou pela voz grave e pelo estilo, inspirado inicialmente em Orlando Silva. Sua interpretação, que se destacava pelo sincopado, logo chamou atenção no seu primeiro sucesso, Mandei fazer um patuá (R. Olavo/N. Martins). Trabalhou na Rádio Nacional, levado por Paulo Gracindo, e depois migrou para a Tupi, onde passou 17 anos e ganhou o apelido com que ficaria conhecido por toda a vida.
Foi nesta época que gravou seus sambistas preferidos, como Ataulfo Alves, Geraldo Pereira, Haroldo Lobo, Bide & Marçal. Maria Teresa (Altamiro Carrilho), Escurinho (Geraldo Pereira) e “Notícia” (Nelson Cavaquinho) foram alguns dos sambas que ficaram conhecidos em suas gravações.
Apesar da idade avançada, Roberto estava bem e vinha fazendo shows, como o que relembrou seu disco Descendo o morro no Instituto Moreira Salles (RJ), em junho de 2012. O álbum, de 1958, fez tanto sucesso que ganhou três continuações, de 2 a 4.
Fui abençoado por uma voz que me permite cantar de tudo, canções, valsas, baiões e até bolero, mas é com o samba que mais me identifico disse na ocasião, garantindo que mantinha o instrumento de trabalho em forma graças aos 20 minutos de exercícios vocais que fazia toda manhã.
Em 2002, ele integrou o elenco do espetáculo “O samba é a minha nobreza”, em que se apresentava ao lado de novos sambistas revelados pela Lapa, como Pedro Miranda e Pedro Paulo Malta, ganhando uma nova geração de fãs. O show contava com uma vinheta gravada com João Gilberto reverenciando o Príncipe do Samba, que era um de seus ídolos.
O sambista teve um AVC dia 7 de setembro de 2012, chegou a ser internado, mas optou por voltar para casa, onde faleceu na manhã do dia 9, em nhaúma.
Diagnosticado há seis meses com um câncer na próstata, o sambista de 92 anos teve um AVC na quarta-feira e foi levado ao hospital, onde foi constatado que alguns órgãos pararam de funcionar.
Ídolo de Zeca Pagodinho, Beth Carvalho e Caetano Veloso
Zeca Pagodinho lamentou a morte do ídolo:
A gente perde um grande sambista. uma pessoa completamente do bem, e que viveu com muita dignidade.
Caetano Veloso, que gravou “Juracy” com o Príncipe no disco “Casa de samba ao vivo”, lamentou a perda:
Roberto Silva é a ponte que vai de Orlando Silva a João Gilberto. Um dos melhores cantores que o Brasil já teve afirmou.
O arranjador e violonista Luis Felipe de Lima ressalta o balanço e a elegância de sua interpretação:
Roberto Silva é o último cantor de sua linhagem, uma das mais nobres da música brasileira. Voz empostada, mas comunicativa, deixou sua marca na história. É chavão, mas é verdade: uma perda irreparável.
Beth Carvalho conta que ele gravou participação no DVD dela, que ainda não foi lançado. Na ocasião, cantou música de Nelson Cavaquinho.
Ele era maravilhoso, um sambista moderno, como Jorge Veiga e Moreira da Silva. A bossa nova tirou sua modernidade de sambistas como eles. Tinha uma voz muito agradável, era afinadíssimo e muito simpático.
O Roberto era a própria nobreza do samba afirma Hermínio Bello de Carvalho, que concebeu o espetáculo. Quando estava fazendo a produção, lembrei que João Gilberto era fã dele. Ele o admirava tanto que até gravou uma frase em homenagem, que incluímos no show. Roberto gostava muito de trabalhar, dominava o palco e era sempre ovacionado.
(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura – Rio de Janeiro – 9/09/12)
O carioca Roberto Silva, foi intérprete de sambas notabilizado pelo canto preciso e pelo talento nas divisões rítmicas.
Remanescente da fase áurea do rádio brasileiro, Roberto Silva trabalhou nas emissoras Guanabara, Mauá, Nacional e Tupi, todas no Rio. Em entrevistas, costumava dizer que seu grande ídolo era o cantor Orlando Silva, a quem tentava imitar em início de carreira. Seu primeiro disco foi gravado em 1946, mas o sucesso só veio dois anos depois: o samba Maria Teresa, de Altamiro Carrilho.
Ele nascera no morro do Cantagalo, em Copacabana (zona sul). Tinha pai italiano e mãe carioca.
(Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades – 09/09/2012)