Presidente da Namíbia, ex-ativista contra o Apartheid
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Hage Geingob, presidente da Namíbia
Na chefia do país desde 2015, Geingob estava a terminar o segundo e último mandato.
Hage Geingob tomou posse como Presidente em 2015 e foi o principal responsável pelo início das conversações com a Alemanha sobre a revisão das atrocidades cometidas pelo império alemão durante o período colonial e possíveis compensações.
Geingob foi primeiro-ministro durante 12 anos, um recorde de longevidade no país, antes de se tornar seu terceiro presidente em 2014 e o primeiro que não pertencia ao grupo étnico majoritário Ovambo.
Desde jovem, dedicou-se ao ativismo contra o regime sul-africano do Apartheid, que então governava a Namíbia, antes de se ver forçado ao exílio – primeiro, em Botswana, e depois, nos Estados Unidos.
País semidesértico da África Austral, a Namíbia foi um dos últimos Estados do continente a alcançar a independência, em 1990.
A Namíbia faz parte de um terço dos 54 Estados soberanos da África que realizaram eleições presidenciais, legislativas ou locais em 2024, após um ano marcado por vários golpes de Estado e avisos sobre a diminuição do espaço democrático em muitos países.
Hage Geingob faleceu no domingo (4), aos 82 anos, em um hospital da capital Windhoek, onde recebia tratamento contra o câncer, anunciou a presidência do país sul-africano em um comunicado.
“É com a maior tristeza e pesar que lhes informo que nosso querido Hage G. Geingob, presidente da República da Namíbia, faleceu hoje”, afirma o comunicado assinado pelo presidente em exercício, Nangolo Mbumba.
O comunicado sublinhou que, apesar “dos esforços enérgicos” da equipe médica, o Presidente faleceu, na presença da primeira-dama, Monica Geingos, e dos filhos.
“A nação da Namíbia perdeu um ilustre servidor do povo, um ícone da luta pela libertação, o principal arquiteto da nossa constituição e o pilar da casa da Namíbia”, disse o Presidente interino da Namíbia, Nangolo Mbumba.
O texto pediu calma e serenidade, “enquanto o governo se ocupa de todas as disposições, preparativos e outros protocolos estatais necessários”.
Em janeiro, o gabinete presidencial havia anunciado que uma biópsia durante um exame médico de rotina revelou a presença de “células cancerígenas” no organismo do chefe de Estado.
País semidesértico da África Austral, a Namíbia foi um dos últimos Estados do continente a alcançar a independência, em 1990.
“Incansável lutador pela liberdade”
Vários líderes africanos lamentaram, nas últimas horas, a morte de Hage Geingob.
Na mensagem do Presidente angolano, João Lourenço, Hage Geingob é recordado como um “incansável lutador pela liberdade de África” e alguém que “soube desde muito jovem dedicar-se à causa do resgate da dignidade dos povos africanos, da autodeterminação, da independência e da soberania dos países” do continente africano.
“Perdemos uma figura ímpar da história contemporânea do povo namibiano, que deixa um vazio difícil de se preencher”, destaca o chefe de Estado angolano, presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês).
Já os líderes de Zâmbia, Zimbabué, Quénia, Tanzânia, Somália e Burundi destacaram a liderança do ex-Presidente da Namíbia.
O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, recordou-o como “um patriota”, que teve um papel importante na libertação da “irmã Namíbia” do “colonialismo e apartheid”.
A Namíbia tornou-se independente da África do Sul em 1990 e Hage Geingob “também teve grande influência na solidariedade que o povo da Namíbia teve com o povo da África do Sul”, assinalou Ramaphosa.
O diretor da Organização Mundial da Saúde, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, sublinhou a “valentia” de Hage Geingob, que classificou como “um visionário”, e a sua “dedicação para melhorar as vidas e a saúde dos namibianos”.
As eleições presidenciais e legislativas foram marcadas para o final de 2024.
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