A compositora Chiquinha Gonzaga escandalizou a sociedade ao desistir do casamento, abraçar a abolição, lutar pela República e viver do próprio trabalho
A carioca Francisca Edwiges Neves Gonzaga (1847 – 1935) teve uma vida repleta de feitos, foi uma brasileira que acumulou pioneirismos em sua trajetória, tanto pessoal como artística. Teria sido ela primeira maestrina do país, a autora da primeira canção carnavalesca, a primeira pianista de choro, a introdutora da música popular nos salões elegantes e, ainda, a fundadora da primeira sociedade protetora dos direitos autorais.
Aos 11 anos, Chiquinha já estava compondo – no caso, um tema natalino, Canção dos Pastores. Aos 16, casou-se com um marido escolhido pela família – pouco tempo depois ela o abandonaria por outro homem, de quem também se separaria em pouco tempo. Lecionou piano, integrou-se à turma dos músicos de choro do Rio, começou a compor mais frequentemente e até organizou um concerto de violões numa época em que o instrumento ainda era malvisto pelas ditas boas famílias. Lutou pelas causas abolicionista e republicana e, em 1899, escreveu aquela que seria a primeira marcha-rancho, Ó Abre Alas, que se tornou quase um hino do carnaval brasileiro.
Chiquinha viveu temporadas na Europa, musicou peças de teatro e contribuiu muito para a criação da Sbat, entidade pioneira na arrecadação de direitos autorais. Quando morreu, aos 87 anos, deixou uma obra de dezenas de partituras para peças teatrais e centenas de músicas em diferentes gêneros: polca, tango brasileiro, valsa, habanera, schottisch, mazurca e modinha. Uma de suas canções mais famosas, Corta-Jaca, forneceu os versos reproduzidos: “Neste mundo de misérias / Quem impera / É quem é mais folgazão”.
(Fonte: Zero Hora – ANO 49 – N.° 17.177 – Almanaque Gaúcho/ Por Ricardo Chaves – Postado por Luís Bissigo – Frase do dia: Chiquinha Gonzaga – 17 de outubro de 2012)