Robert A. Heinlein, um dos maiores mestres da ficção científica moderna

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Robert A. Heinlein: ganhou uma reputação de conservador, até mesmo de radical de direita.

Robert Anson Heinlein (Butler, 7 de julho de 1907 – Carmel, 8 de maio de 1988), um dos maiores mestres da ficção científica moderna, um gênero significativo a ponto de ir além dos monstros verdes e dos cientistas loucos.

Em 1975 publicou (nos Estados Unidos) “Time Enough for Love”, que atraiu galáxias de elogios e certamente dólares. “Um Estranho numa Terra Estranha” foi escrito em 1963. Os doze anos que se passaram, porém, nada comprometeram seu trabalho, ainda merecendo tal título.

O livro começou a ser escrito há muito tempo, quando Heinlein imaginou uma história convencional que contava como o jovem Valentine Michael Smith, descendente de astronautas terrestres criado pelos marcianos, visita o planeta de seus ancestrais. A história, segundo o próprio autor, seria uma reelaboração pálida das viagens de Gulliver, o personagem de Jonathan Swift. Heinlein, contudo, parece ser um homem de paradoxos: queria seguir a carreira de astrônomo, tornou-se artilheiro naval e teve de se reformar aos 27 anos por doença.

Tentou a mineração de prata, mas precisou começar a escrever para pagar a hipoteca de uma casa que ele próprio projetara. Depois, através de mais de trinta livros, sem falar das inúmeras antologias que integra, como “A Sexta Coluna” (1949), “Estrela Dupla” (1956), “Não Temerei o Mal” (1970), “O Homem que Vendeu a Lua” (1949) e “Geração do Amanhã” (1966), Heinlein ganhou uma reputação de conservador, até mesmo de radical de direita. Quando “Revolta na Lua” (1951) surgiu, não foi fácil ajustar tal denominação a uma história que falava de dois comunismos em choque, onde o lado dos mocinhos era dinâmico e pragmático, ante a dos bandidos, nitidamente stalinista e ortodoxo.

Matriarcado – Esses paradoxos surgiram novamente em “Um Estranho em Terra Estranha”, quando a história rotineira do extraterrestre que visita a Terra ganhou inéditas conotações sociais, políticas e religiosas. Acontece que Smith, o filho pródigo, é capaz de usar telequinesia, telepatia e até de mandar seus inimigos para o “não-ser” com um simples gesto. Tal super-homem possui um padrão de valores totalmente exótico em relação aos humanos e Heinlein se aproveita disso para extrair efeitos cômicos ou fazer ferina crítica à sociedade americana.

Matriarcado, a mania do segredo, a violência policial, a burocracia, tudo isso se mostra absurdo ante a pureza de princípios de Smith. Quando ele começa a grokkar as instituições e as personalidades terrestres, volta-se para as mais intensas experiências religiosas e sensuais. Grokkar é uma forma marciana de megaempatia, capaz de levar a uma compreensão aguda de indivíduos e situações em toda a sua complexidade sensual.

Smith chega mesmo a fundar uma religião, a Igreja de Todos os Mundos, uma espécie de mística comunidade de hippies, baseada na felicidade espiritual e na liberdade sexual. E esse paradoxo a mais na obra do normalmente conservador Heinlein foi o responsável pelo sucesso underground da obra, que se tornou uma espécie de panfleto ativista nas comunidades marginais que se formaram nos Estados Unidos na década de 60.

(Fonte: Revista Veja, 15 de outubro de 1975 – N° 371 – O filho pródigo – Um Estranho numa Terra Estranha, de Robert A. Heinlein – LITERATURA/ Por Geraldo Galvão Ferraz – Pág; 116/117)

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