Cantora e fadista portuguesa: ‘voz fundamental para a renovação do fado’
‘Artista pioneira, intensa, poderosa, destemida.
Fadista portuguesa Mísia — Foto: Divulgação/Museu do Fado
Mísia (nasceu em 18 de junho de 1955 – faleceu em 27 de julho de 2024), nome artístico de Susana Maria Alfonso de Aguiar, cantora e fadista, voz fundamental para a renovação do fado.
Mísia, nome artístico de Susana Maria Alfonso de Aguiar, nasceu no Porto, e no início dos anos 90 iniciou-se no fado, tendo lançado o seu primeiro álbum, em nome próprio, em 1991. Ao longo de mais de 30 anos de carreira, ganhou inúmeros prémios e distinções nacionais e internacionais.
Susana Maria Alfonso de Aguiar nasceu no Porto e protagonizou uma carreira de cerca de 34 anos, durante a qual atuou nos mais variados palcos do mundo e recebeu diferentes prêmios, entre eles o galardão francês Charles Cross pelo seu álbum “Garra dos Sentidos”, no qual gravou poemas de Natália Correia, Mário Cláudio, Lídia Jorge, José Saramago, Lobo Antunes, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, e António Botto (1897 – 1959).
Em 2022 lançou o seu último álbum, em conjunto com o livro autobiográfico intitulado “Animal Sentimental”, parte de um projeto tríptico sobre trinta anos de carreira, que inclui um livro, com o mesmo título e saído no verão desse ano e estreou um novo espetáculo.
Tiago Torres da Silva, Fernando Pessoa, Mário Cláudio, Natália Correia, Vasco Graça Moura e Lídia Jorge foram os autores escolhidos por Mísia para “Animal Sentimental”.
No livro, autobiográfico, a fadista conta episódios inéditos da sua carreira, recuando às memórias de infância e da adolescência, os tempos do colégio interno, gerido por freiras, no Porto, a avó catalã e a mãe, bailarina de flamenco, uma biografia, que como disse à Lusa, a partir de 1991, começou a ser fixado nos discos”.
Mísia – deixa conexões com cantoras do Brasil, sobretudo com Adriana Calcanhotto e Maria Bethânia.
Com Calcanhotto, a fadista fez dueto em Que será (Marino Pinto e Mário Rossi, 1950), música lançada na voz de Dalva de Oliveira (1917 – 1972) e, após 63 anos, regravada por Mísia com a colega gaúcha para o álbum Delikatessen Café Concerto (2013).
Em 2014, sob direção artística da mesma Adriana Calcanhotto, Mísia apresentou em Porto Alegre (RS) o show São 3, em que abordou músicas dos compositores Cartola (1908 – 1980), Dorival Caymmi (1914 – 2008) e Lupicínio Rodrigues (1914 – 1974) com o sentimento do fado.
Em 2015, um ano após o show na capital gaúcha, Mísia apresentou dueto com Maria Bethânia no álbum Para Amália, tributo fonográfico de Mísia à cantora Amália Rodrigues (1920 – 1999). O dueto com Bethânia aconteceu na música Amália sempre e agora, composição de Mário Pacheco e Amélia Buge.
Com Bethânia, cabe lembrar, Mísia já tinha feito shows no Brasil e em Portugal em 1998.
No livro, a cantora narrou a sua luta contra o cancro, que lhe foi diagnosticado três vezes.
Mísia faleceu no sábado 27 de julho de 2024, aos 69 anos. A notícia foi avançada por Richard Zimler, amigo da cantora, num post nas redes sociais: “Estou desolado, pois a minha velha amiga, a cantora Misia, acabou de nos deixar. Partiu em paz, docemente, sem dores”.
Governo realça que “foi uma voz fundamental na renovação do fado”
A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, considerou hoje que Mísia “foi uma voz fundamental na renovação do fado”, numa nota de pesar pela morte da fadista.
“Com uma vasta carreira, Mísia foi uma voz fundamental na renovação do fado, sem receio de experimentar novas sonoridades e abordagens menos convencionais” afirmou, referindo que “granjeou o reconhecimento dos seus pares”.
“Deixa-nos uma vasta lista de colaborações com músicos de todo o mundo, que demonstra a sua versatilidade e o seu talento”, refere ainda a titular da Cultura que apresenta “aos seus familiares, amigos e admiradores”, “as mais sentidas condolências”.
Em nota oficial, a ministra da cultura de Portugal, Dalila Rodrigues, destacou que a cantora foi fundamental para a renovação do fado, gênero musical tradicional português.
“Com uma vasta carreira, Mísia foi uma voz fundamental na renovação do fado, sem receio de experimentar novas sonoridades e abordagens menos convencionais. Deixa-nos uma vasta lista de colaborações com músicos de todo o mundo, que demonstra a sua versatilidade e o seu talento”, diz o comunicado oficial.
(Créditos autorais: https://cnnportugal.iol.pt/misia – CNN Portugal/ ARTES – 27 jul 2024)
(Créditos autorais: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2024/07/28 – POP & ARTE/ MÚSICA/ Por Mauro Ferreira Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em ‘O Globo’ e ‘Bizz’.
(Créditos autorais: https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2024/07/27 – CULTURA/ NOTÍCIA/ Por O Globo — Rio de Janeiro – 27/07/2024)