Earl S. Tupper, foi um engenheiro, empresário e inventor norte-americano que criou a linha de recipientes plásticos para alimentos e bebidas conhecida como Tupperware, uma mistura de plástico flexível, inquebrável e resistente ao calor que o inventor chamou de poly-T

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EARL TUPPER, O PAI DA TUPPERWARE

Icônicos recipientes plásticos foram criados pelo empresário e químico americano Earl Tupper (© picture-alliance/AP Photo/Tupperware)

 

 

Earl S. Tupper (nasceu em 28 de julho de 1907, em Berlin, Nova Hampshire – faleceu em 5 de outubro de 1983, na Costa Rica), foi um engenheiro, empresário e inventor norte-americano que criou a linha de recipientes plásticos para alimentos e bebidas conhecida como Tupperware, se tornou um fenômeno cultural após a Segunda Guerra.

As festas em casa nas quais o Sr. Tupper vendia seus produtos se tornaram uma parte bem conhecida da vida americana e o tornaram um milionário.

Ele vendeu a Tupperware Corporation em 1958 para a Rexall Drug Company por mais de US$ 9 milhões. Depois de servir como presidente do conselho sob os novos proprietários, ele se aposentou em 1973 na Costa Rica e eventualmente se tornou cidadão daquele país.

Cinco anos após o Sr. Tupper fundar sua empresa em 1942, ela teve receitas brutas de mais de US$ 5 milhões. No ano passado, as vendas ultrapassaram US$ 800 milhões.

Inventou a mistura plástica

A essência da Tupperware é uma mistura de plástico flexível, inquebrável e resistente ao calor que o Sr. Tupper inventou e chamou de poly-T. Sua primeira linha de produtos consistia em 25 itens em tons pastéis, incluindo copos e uma tigela de gelo de parede dupla. Algumas de suas tigelas tinham tampas que tornavam os recipientes herméticos.

A linha Tupperware agora é vendida em 30 países e consiste em cerca de 225 itens, incluindo brinquedos e acessórios para jardim interno, a maioria dos quais reflete o design original. Nas festas da Tupperware, amigos e vizinhos geralmente se reúnem em uma sala de estar, jogam, trocam receitas e assistem ao representante da empresa demonstrar produtos que variam de uma alça de lata de US$ 1,29 a um conjunto de decoração de quatro latas de US$ 18,98 oferecido em três cores: narciso, tangerina e marrom.

Atualmente, há mais de 250.000 revendedores Tupperware, a grande maioria mulheres, todos trabalhando meio período.

Segundo a empresa, há uma média de 75.000 festas Tupperware por dia em todo o mundo, e provavelmente mais de 1.000 em Nova York e seus subúrbios.

”O que tornou os produtos tão bem-sucedidos”, disse Jack Linn, porta-voz da sede da empresa em Orlando, Flórida, ”é que os designs mudaram para refletir as necessidades dos clientes, e a empresa sempre se esforçou para economizar tempo, espaço e dinheiro para as donas de casa.”

Tornou as festas de vendas emocionantes

O Sr. Tupper não foi o primeiro a realizar festas de vendas nas casas dos clientes, mas especialistas em marketing dizem que ele refinou o conceito e acrescentou uma sensação de entusiasmo a ele.

O Sr. Silas Tupper nasceu em Berlin, Nova Hampshire, em 28 de julho de 1907, e cresceu em uma fazenda em Massachusetts.

Quando menino, ele descobriu que poderia ganhar mais dinheiro comprando e vendendo vegetais de outras pessoas do que cultivando os seus próprios. Mais tarde, ele mudou para o negócio de vendas por correspondência, negociando escovas de dentes, pentes e outros itens pequenos e levantou o dinheiro para começar uma pequena fábrica em Massachusetts em 1937. Cinco anos depois, ele começou a fazer Tupperware.

O fenômeno

Os icônicos recipientes plásticos foram criados pelo empresário e químico americano Earl Tupper. De acordo com o site da empresa, em 1946, ele “teve uma fagulha de inspiração enquanto criava moldes em uma fábrica de plásticos”. Descobriu assim uma maneira de fabricar plástico flexível e durável capaz de vedar tão bem quanto uma lata de tinta.

No entanto, quando seus recipientes foram lançados, não tiveram o sucesso que o empresário esperava. Donas de casa estavam céticas em relação ao baixo custo e à textura oleosa do produto, além de confusas sobre a necessidade de “arrotar” os recipientes para liberar o ar, o que proporciona a vedação.

Foi necessário um exército de vendedores amadores, principalmente donas de casa do subúrbio, para ajudar a marca a se popularizar. Milhares de mulheres nos EUA, e eventualmente em todo o mundo, começaram seus próprios negócios vendendo vasilhas em reuniões caseiras conhecidas como festas da Tupperware. O fenômeno se espalhou pelos EUA e atingiu seu auge nas décadas de 1950 e 60.

A grande responsável pelo sucesso do império Tupperware foi Brownie Wise, uma mãe solteira com pouca educação formal que Tupper escalou como vice-presidente e chefe de vendas. Gênio do marketing com talento especial para vendas, ela ajudou a revolucionar a marca com seus métodos exclusivos.

Anteriormente, Wise havia trabalhado em uma empresa de produtos de limpeza chamada Stanley Home. Ela organizava o que a empresa chamava de “festas em casa” – reuniões entre amigas para vender produtos. Wise logo enxergou ali um mercado para a Tupperware.

Fenômeno se espalhou pelos EUA e atingiu seu auge nas décadas de 1950 e 1960 © Smithsonian Archives Center, National Museum of American History/AP Photo/picture alliance

Fenômeno se espalhou pelos EUA e atingiu seu auge nas décadas de 1950 e 1960
© Smithsonian Archives Center, National Museum of American History/AP Photo/picture alliance

Suas animadas demonstrações, que incluíam jogos e arremesso de potes pela sala para mostrar que não se quebravam, educavam os compradores sobre o produto. Na sede da empresa, na Flórida, Wise treinou outras mulheres em seus métodos de venda, criando manuais e introduzindo generosos incentivos para atrair mais vendedoras. Em pouco tempo o produto estava decolando.

Para incentivar seu time de vendas, a empresa criou promoções criativas nas quais as vendedoras competiam por “tudo, desde novos ferros elétricos até uma viagem à Europa com Brownie Wise”, conforme descrito em um artigo da emissora pública americana PBS.

Em meados da década de 1950, Wise era o ícone da empresa e a primeira mulher a estampar a capa da revista Business Week. Ela também apareceu em revistas populares, como a Cosmopolitan e a Women’s Home Journal.

De dona de casa a empreendedora

As condições socioeconômicas da década de 1950 eram perfeitas para o sucesso dessa estratégia de marketing. As mulheres que haviam entrado no mercado de trabalho durante a Segunda Guerra voltaram a ser cobradas para que ficassem em casa com as crianças durante o “baby boom”.

Vender Tupperware era uma forma de obter renda para mulheres cujos maridos não queriam que elas trabalhassem fora de casa, além de ser uma maneira de escapar da rotina doméstica suburbana e socializar.

A anfitriã de uma festa convidava uma vendedora da Tupperware para ir à sua casa e, em troca, recebia produtos gratuitos, enquanto a vendedora ganhava uma comissão com base na quantidade de itens vendidos.

Dessa forma, as festas da Tupperware impactaram simbolicamente e encarnaram a cultura de uma época em diferentes níveis. Elas deram autonomia a donas de casa, que se tornavam consultoras, gerentes e distribuidoras do produto.

De certa forma, as festas pareciam subversivas. Ao mesmo tempo, o modelo de negócios reforçava a ideia de que o verdadeiro lugar da mulher era em casa.

O fim das tigelas herméticas

Apesar da narrativa de empoderamento feminino por trás da ascensão da marca, com Brownie Wise celebrada como ícone da inserção das mulheres no mercado de trabalho – a história não terminou bem para a empresária pioneira. Ela foi expulsa da empresa que ajudou a construir em 1958, após um desentendimento com Tupper, sem sequer receber ações.

No mesmo ano, Tupper vendeu a empresa, chamando-a de “Tupperware Home Parties”, para a Rexall Drug Company por 16 milhões de dólares, e acompanhou o sucesso de sua marca da Costa Rica, onde se aposentou.

De fato, o modelo de negócios da empresa fez com que os produtos se expandissem rapidamente para a Europa, Ásia e América Latina.

Há muito tempo, novos formatos fazem parte da estratégia da marca: a Tupperware recebeu mais de 280 prêmios de design por seus projetos e funcionalidade de produtos desde 1982.

No entanto, a marca entrou recentemente com pedido de falência, citando a diminuição do interesse em seus produtos e a redução das margens de lucro. Entre os motivos para o pedido de recuperação judicial, a Tupperware alega não ter conseguido atrair tanto os consumidores mais jovens.

Ainda assim, de cosméticos a brinquedos sexuais, muitas outras empresas adotaram o método de festas para vender produtos, seguindo o modelo de sucesso da Tupperware.

Embora possa ser o fim de uma era, a Tupperware continua incorporada à vida de milhões de pessoas e entrelaçada à história do século 20.

Earl S. Tupper faleceu de ataque cardíaco na segunda-feira 5 de outubro de 1983, na Costa Rica. Ele tinha 76 anos.

Ele deixa uma irmã e cinco filhos, três dos quais vivem na Costa Rica, e 14 netos. Ele foi enterrado em um cemitério perto de San Jose, disse a família.

(Direitos autorais: https://www.nytimes.com/1983/10/07/archives – New York Times/ ARQUIVOS/ Arquivos do New York Times/ Por Joseph B. Treaster – 7 de outubro de 1983)

Sobre o Arquivo
Esta é uma versão digitalizada de um artigo do arquivo impresso do The Times, antes do início da publicação on-line em 1996. Para preservar esses artigos como apareceram originalmente, o The Times não os altera, edita ou atualiza.
Ocasionalmente, o processo de digitalização introduz erros de transcrição ou outros problemas; continuamos trabalhando para melhorar essas versões arquivadas.
Uma versão deste artigo aparece impressa em 7 de outubro de 1983, Seção B, Página 8 da edição nacional com o título: EARL TUPPER, O PAI DA TUPPERWARE.
© 1998 The New York Times Company
(Direitos autorais: https://www.msn.com/pt-br/dinheiro/economia-e-negocios – DW Brasil/ DINHEIRO/ ECONOMIA E NEGÓCIOS/ Como as festas da Tupperware impactaram a vida de mulheres suburbanas/ História de Sarah Hucal – 20/09/2024)
Autor: Sarah Hucal
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