Cientistas pedem que matemático condenado por ser gay receba indulto
Inglês teve papel crucial em decifrar mensagens secretas nazistas.
Homossexualidade foi delito no Reino Unido até 1967.
Alan Turing, matemático e criptógrafo
Considerado o precursor da informática, Turing desempenhou um papel crucial para decodificar as mensagens nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Ele morreu em 1954, dois anos depois de ter sido condenado à castração química por “imoralidade”, como consequência de um envenenamento com cianureto. Tinha 41 anos e sua morte foi considerada oficialmente um suicídio.
Onze iminentes cientistas britânicos, entre eles Stephen Hawking, pediram em 14 de dezembro de 2012 ao governo que indulte postumamente o matemático e criptógrafo Alan Turing, condenado há 60 anos por homossexualidade, que era delito na época.
Em uma carta enviada ao jornal britânico “Daily Telegraph”, Hawking e outros cientistas, entre eles o presidente da prestigiosa Royal Society, Paul Nurse, descrevem Turing como “um dos matemáticos mais brilhantes da era moderna” e apelam ao primeiro-ministro para que perdoe o herói britânico.
“Chegou a hora de limpar sua reputação”, escreveram. Turing estabeleceu as bases da computação moderna e decifrou os códigos da máquina Enigma dos alemães, o que, segundo os historiadores, encurtou a guerra e, portanto, salvou a vida de milhões de pessoas.
Apesar disso, Turing foi durante sua vida um grande desconhecido para o grande público, já que seu trabalho foi mantido em segredo até 1974. Em 2009, o então primeiro-ministro britânico Gordon Brown, pediu desculpas póstumas ao criptógrafo.
No entanto, apesar de a homossexualidade ter sido descriminalizada em 1967 no Reino Unido, ele nunca foi indultado. Em fevereiro passado, quando se celebrou o centenário de nascimento de Turing, o governo de David Cameron negou indultá-lo, apesar de um pedido neste sentido com mais de 23.000 assinaturas.
O ministério da Justiça indicou na ocasião que seria “inapropriado” indultar o “que foi devidamente condenado pelo que então era um delito”.
O gabinete de David Cameron disse à AFP que está considerando sua resposta à carta dos cientistas.
(Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/12 – Ciência e Saúde – Da AFP – 14/12/2012)