A butique multimarcas foi uma das pioneiras no mercado de luxo brasileiro
Eliana Piva de Albuquerque Tranchesi (24 de novembro de 1955 – São Paulo, 24 de fevereiro de 2012), executiva especializada no ramo da moda, herdeira e ex-dona da rede de luxo Daslu.
A empresária esteve no comando da Daslu por vários anos. Fundada por Lucia Piva, mãe de Eliana, a butique multimarcas foi uma das pioneiras no mercado de luxo brasileiro.
Responsável por trazer para o País marcas do porte de Dolce & Gabbana, Giorgio Armani, Louis Vuitton, Christian Dior, Prada, Chanel, Burberry, Salvatore Ferragamo, Gucci, Fendi, Chloé, Cacharel, Yves Saint Laurent, Goyard, Tom Ford e Tods.
Eliana Tranchesi foi presa pela Polícia Federal em 26 de março de 2009 após a condenação a 94 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, contrabando e falsificação de documentos, descobertos na Operação Narciso, em 2005.
No entanto, a empresária deixou a Penitenciária Feminina de São Paulo um dia após sua prisão graças a um habeas-corpus concedido pela Justiça Federal. A defesa de Eliana apresentou um laudo médico que comprovava que ela tinha câncer e encontrava-se em tratamento radioterápico e quimioterápico no próprio hospital Albert Einstein. Seu irmão Antônio Carlos Piva de Albuquerque e o ex-contador da Daslu e dono da Multimport, Celso de Lima, também recorreram ao processo em liberdade.
Negócios
Enfrentando crise nas finanças desde 2005, a Daslu entrou em julho de 2010 com pedido de recuperação judicial na Vara de Recuperações Judiciais da Capital de São Paulo. Essa medida permitiu que a empresa negociasse suas dívidas sem precisar interromper seu funcionamento. As dívidas com o fisco paulista somavam R$ 500 milhões, incluindo multas por sonegação de ICMS. Com a Receita Federal, a multa à Daslu e à Multimport por fraudes em importação era de R$ 230 milhões, mas foi reduzida para R$ 115 milhões.
Em fevereiro de 2011, os credores da butique aprovaram a compra da marca pelo fundo Laep Investiments, do empresário Marcus Elias, um dos donos da Parmalat. O grupo venceu o leilão de recuperação judicial com a promessa de aportar R$ 65 milhões na reestruturação da Daslu. A proposta ainda garante que o fundo pagará em até três anos as dívidas da loja com fornecedores, que chegam a R$ 80 milhões. Na época, o faturamento médio estimado do grupo Daslu era de aproximadamente R$ 250 milhões ao ano. A Laep foi a única a propor uma oferta pela marca aos credores, que também aprovaram na reunião o plano de recuperação judicial da empresa.
Com a chegada do grupo Laep, a Daslu investiu na abertura de uma loja virtual e na primeira fora de São Paulo, instalada no shopping Fashion Mall do Rio de Janeiro. Inaugurada em 5 de dezembro de 2011, o ponto vendeu em apenas 13 dias o que estava planejado para um mês e ficou com as prateleiras quase vazias. O grupo prepara agora a inauguração de mais duas lojas fora de São Paulo: em Brasília e no interior de São Paulo.
Eliana Tranchesi morreu em 24 de fevereiro de 2012, em São Paulo, 56 anos, no hospital Albert Einstein, a morte ocorreu em decorrência de um câncer pulmonar complicado por pneumonia. Ela lutava contra o câncer desde 2006.
Internação
Em janeiro deste ano, uma das filhas de Tranchesi publicou em seu blog uma carta de Eliana escrita após a internação no Albert Einstein para tratar uma pneumonia no pulmão direito. “Vim para o hospital e a partir de domingo tive reações muito fortes de efeitos colaterais de um antibiótico que tomei. É um tipo de reação muito rara, somente 0,01% das pessoas a tem. Fui uma delas. Tive um tremendo revertério e pela primeira vez na minha vida não vi luz no meu presente, nem alegrias no meu passado e nem esperanças no futuro”, afirmou.
(Fonte: http://noticias.terra.com.br/retrospectiva/noticias/0,,OI6406524-EI19312,00- NOTÍCIAS – RETROSPECTIVA 2012 – 27 de dezembro de 2012)
Relembre a trajetória de Eliana Tranchesi, dona da Daslu
Eliana Tranchesi herdou da mãe, na década de 1980, o comando da Daslu. O negócio começou em 1958 e, de uma simples venda entre amigas, tornou-se um império luxuoso de consumo.
Um dos grandes momentos da empresa de Eliana foi em junho de 2005, quando uma enorme loja da marca foi inaugurada em São Paulo.
Cerca de um mês depois, porém, a butique de luxo foi alvo de uma megaoperação policial, que levou sua dona à prisão e a uma condenação de 94 anos. No início do ano passado, a Daslu foi vendida por R$ 65 milhões para o fundo Laep Investments.
Relembre a história da Daslu:
Criada há 55 anos, a Daslu nasceu da sociedade entre a mãe de Eliana Tranchesi, Lucia Piva de Albuquerque, e a amiga Lourdes Aranha (as duas “Lus”). Ambas atendiam as amigas em uma casa, no bairro Vila Nova Conceição, em São Paulo. Com o falecimento da mãe, na década de 1980, Eliana assumiu a loja.
Templo de consumo preferido dos chamados “super-ricos”, a loja começou comercializando roupas e acessórios importados e ampliou seu leque de produtos para cosméticos, lanchas e até helicópteros – na própria loja em São Paulo há um heliponto para os clientes. A privacidade é garantia já na entrada e se estende pelos quatro andares da loja: em parte dela, não há provadores e os homens não têm acesso. Tudo para fazer a cliente se sentir em casa.
Em julho 2005, operação da Polícia Federal e da Receita Federal resultou na detenção, por 12 horas, de Eliana Tranchesi, dona da Daslu, a loja mais luxuosa do país. Antonio Carlos Piva de Albuquerque, irmão dela e diretor financeiro, ficou preso por cinco dias, sendo liberado e preso novamente em 2006.
Agentes federais fizeram uma devassa na loja aberta cerca de um mês antes da operação, em São Paulo. Mesmo durante a ação, a loja manteve as portas abertas e funcionários prontos para atender à freguesia. As atendentes, para não ser identificadas, escondiam o rosto.
A butique de São Paulo foi acusada de importação irregular por descaminho e sonegação. A empresa teria subfaturado importações e sonegado impostos.
Cinco meses depois, o Ministério Público Federal em Guarulhos (SP) denuncia Eliana Tranchesi e mais seis pessoas.
Em 14 de dezembro de 2005, a juíza Maria Isabel do Prado, da 2ª Vara da Justiça Federal do município, instaura processo criminal.
No ano seguinte, em dezembro, a Daslu recebeu a primeira autuação da Receita Federal por sonegação de impostos na importação de produtos. O auto de infração foi de R$ 236.371.942,45 e refere-se só ao período de 2001 a 2005.
Em março de 2009, Eliana Tranchesi e seu irmão Antonio Carlos Piva de Albuquerque, ex-diretor financeiro da loja, foram condenados pela Justiça Federal a 94 anos e seis meses de prisão, cada. Eliana foi presa pela segunda vez levada à Penitenciária Feminina de São Paulo e não poderia recorrer em liberdade.
Logo após a prisão, a defesa de Eliana informou que estava encontrando dificuldades em localizar uma cela adequada, pois a dona da Daslu estava em tratamento contra câncer de pulmão. Foi solicitada a prisão domiciliar da empresária.
O habeas-corpus foi aceito após a apresentação de um laudo médico atestando que ela passava por tratamento quimioterápico no Hospital Albert Einstein. A empresária deixou a penitenciária um dia depois.
Em fevereiro de 2011, o fundo Laep Investments, do empresário Marcus Elias, pagou R$ 65 milhões pela marca Daslu e pelos ativos da butique de luxo. À época, a butique à Daslu acumulava dívidas privadas de R$ 80 milhões e impostos atrasados que ultrapassam os R$ 500 milhões.
A Daslu hoje conta com uma unidade em operação no Shopping Cidade Jardim e outra será inaugurada no futuro Shopping JK. Com a transação, Elaina havia garantido o direito de permanecer com uma das lojas próprias na condição de franqueada da UPI. Ou seja: teria de pagar royalties para usufruir da marca herdada por ela.
(Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2012/02 – Do glamour à condenação – 24/02/2012)