Varlam Chalamov, escritor, poeta e dissidente russo, entrou no vácuo da glasnost para publicar.

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Varlam Chalamov (Vologda, Rússia, 18 de junho de 1907 – Tushino, 17 de janeiro de 1982), escritor, poeta e dissidente russo, é mais um dos autores que entraram no vácuo da glasnost para publicar suas memórias. Os Contos de Kolimá foi escrito entre as décadas de 50 e 70, mas só veio a público com a subida de Gorbachev ao poder.

Repisando um tema insistentemente abordado por outros escritores, a coletânea narra o dia-a-dia dos prisioneiros de campos de concentração criados durante o governo de Josef Stálin – como o de Kolimá, na Sibéria, por exemplo, onde Chalamov passou parte de sua vida. Embora as circunstâncias sejam quase sempre as mesmas – a fome, o frio e a humilhação dos presos -, Chalamov procurou denunciar em suas histórias a revolta interior que assalta aqueles homens, que nunca sabem exatamente por que foram condenados a um regime de trabalhos forçados. Chalamov confia demais no vigor de seu tema e de descuida na maneira de apresenta-lo.

Autor de poucos recursos literários, ele se repete com frequência, tornando aborrecida a leitura de seu livro. Se há um pedaço da história da URSS em cada um de seus contos, Chalamov não conseguiu evitar a sensação de que se tem obras bem mais calibradas sobre o assunto. O poeta russo Varlam Chalámov passou vinte anos em cadeias e campos de trabalhos forçados soviéticos.

Quando as comportas da História e da literatura soviéticas foram abertas pela glasnost do presidente Mikhail Gorbachev, a partir de 1985, uma legião de leitores em todo o mundo começou a saborear a mais espetacular torrente de denúncias e críticas ao regime em vigor na URSS – da corrupção desvairada durante o reinado de Leonid Brejnev (1964-1982) até a renitente prostituição na Praça Vermelha, encravada no suntuoso coração de Moscou.

Ávidos por resgatar, na forma de denúncia, a verdade sobre o passado, em especial em relação às três décadas de tirania stalinista (1924-1953), escritores do porte de Anatoli Ribakov, Varlam Chalamov e historiadores como R. W. Davies acabaram não contando detalhes da vida do cidadão comum da União Soviética.
Chalamov morreu em janeiro de 1982, aos 75 anos.

(Fonte: Veja, 10 de abril de 1991 – Edição n° 1 177 – LIVROS/ Por André Petry – Pág; 70/71)

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