Rei dos supermercados na Itália
Mil mulheres, 43 técnicos e 36 demissões
Maurizio Zamparini, presidente do Palermo que bateu o seu próprio recorde ao promover a quarta troca de treinador em apenas uma temporada.
Vinte e seis anos no futebol, 43 técnicos e 36 demissões. Esses são os números do presidente do Palermo, Maurizio Zamparini.
Zamparini, é um empreendedor italiano com investimento em vários setores, em especial no de supermercados. Natural de Friuli, no norte do país, iniciou a carreira no futebol em 1987, quando comprou o Venezia. Durante o período no clube, em 2001, chegou a demitir Cesare Prandelli, atual comandante da seleção da Itália, que à Gazzetta dello Sport define o dirigente como uma pessoa extraordinária, simpática e carismática até que não se fale de futebol.
Em 2002, Zamparini adquiriu o pacote acionário majoritário do Palermo por 15 milhões de euros. Dois anos depois, o clube, fundado em 1900, voltou à Série A e fatalmente será rebaixado nesta temporada: foi isso o que o próprio dirigente previu no último domingo, após a derrota por 2 a 1 em casa em confronto direto com o Siena.
João Pedro esteve ligado ao Palermo por dois anos e viu o time viver grande fase: em 2010 ocupou a quinta posição no Campeonato Italiano, a melhor da história, a dois pontos da vaga na Liga dos Campeões da Europa; e em 2011 foi vice-campeão da Copa da Itália. Na época o time era dirigido por Delio Rossi, que permaneceu no clube de 2009 a 2011 e também não escapou da guilhotina do presidente: foi demitido em fevereiro de 2011, substituído por Serse Cosmi, voltou ao comando dois meses depois e saiu novamente ao fim da temporada.
Querendo ou não ele (Zamparini) mudou muito o Palermo, que era uma equipe de Série B e disputou a Liga Europa, foi finalista da Copa da Itália. Ele ajudou muito, diz João Pedro, que após ser emprestado ao Vitória de Guimarães e ao Peñarol se desligou do Palermo em 2012 e atualmente está no Santos, com o qual tem contrato até o fim de 2014.
Lanterna do Campeonato Italiano com 21 pontos, o clube da Sicília tem dez rodadas para tentar fugir do rebaixamento e desde esta terça-feira é comandado por Giuseppe Sannino.
O nome de Sannino não é novo no Palermo. Ele havia dirigido o time nas três primeiras rodadas da atual edição do Italiano, sendo demitido por Zamparini em 16 de setembro. Depois disso, Gian Piero Gasperini foi contratado e substituído por Alberto Malesani em 4 de fevereiro. Vinte dias depois, nova troca, com o retorno de Gasperini. Após dois jogos e um empate e uma derrota no Nacional, Gian Piero foi dispensado novamente na última segunda-feira. Sannino, que jamais chegou a ter o contrato rescindido, voltou ao comando.
Trocas são comuns na carreira de Zamparini no futebol. Segundo levantamento do jornal italiano La Gazzetta dello Sport, 43 técnicos trabalharam com o dirigente, que demitiu treinadores 36 vezes. Profissionais ouvidos pelo diário, os quais não quiserem se identificar, chegaram a comparar o relacionamento do presidente com seus técnicos ao de um homem com uma mulher.
Zamparini teria atração por treinadores, gostando de conquistá-los e mimá-los. Ele seria um grande sedutor, segundo a definição usada, que assim como aconteceu com Gasperini já dispensou treinadores para depois lhes dar uma segunda chance. Francesco Guidolin, atualmente na Udinese, totalizou quatro passagens no Palermo entre janeiro de 2004 e março de 2008 as idas e vindas são motivadas também pela regra que impede um profissional de comandar duas equipes na mesma temporada do futebol italiano.
Todo mundo falava de ele ser durão, afirma o meia brasileiro João Pedro, 21 anos. Ele admite que conhecia essa fama de Zamparini e que se surpreendeu com a recepção quando se transferiu do Atlético-MG para o Palermo, em 2010: comigo ele sempre foi um “paizão”. A adaptação foi difícil, e ele foi um dos caras que mais me ajudaram. Me dava muitos conselhos, dizia para eu esperar meu momento, ter paciência.
É uma loucura pensar que vamos nos salvar. Precisaríamos ter ajuda da sorte e que os nossos jogadores, em vez de preguiçosos, fossem homens, disse, nutrindo pouca esperança apesar da velha novidade chamada Sannino. Zamparini deve mimar e conquistar o treinador até que de repente o troque por outro. Em 2012 o empresário dizia que havia tido mais de 1 mil mulheres na vida, mas há mais de dez anos era monógamo. Resta saber se o segundo “casamento” com Sannino será duradouro.
(Fonte: http://esportes.terra.com.br/futebol/internacional/italia/campeonato-italiano – Henrique Moretti – CAMPEONATO ITALIANO – 12 de Março de 2013)