John Graz (Genebra, 12 de abril de 1891 – São Paulo, 27 de outubro de 1980), pintor, ilustrador e artista gráfico suíço que vivia em São Paulo desde 1920. Cursou a Escola de Belas Artes de Genebra e ganhou, por duas vezes, bolsa viagem para a Espanha.
Aperfeiçoou-se em publicidade, trabalhando em Munique, o que lhe permitiu ganhar diversos concursos e encomendas oficiais do governo suiço. Frequenta vários ateliers de artistas em Paris. Após seu casamento com Regina Gomide, veio para o Brasil em 1920.
Participante da Semana de Arte Moderna de 1922, três anos depois introduzia no país os móveis tubulares de canos metálicos e os laminados de madeira. Data desta época, sua amizade com Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida, Brecheret, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral e Antonio Gomide, seu cunhado.
Colaborou com o arquiteto Warchavchick e com o escultor Brecheret na difusão do conceito de integração das artes aplicadas aos projetos de arquitetura. John Graz faleceu dia 27 de outubro de 1980, aos 87 anos, de embolia pulmonar, em São Paulo.
(Fonte: Veja, 5 de novembro de 1980 – Edição n° 635 – DATAS – Pág; 115)
JOHN GRAZ
Genebra, Suíça, 1891 – São Paulo, SP, 1980
Pode-se considerar, com peso menor, um dos precursores do movimento modernista, junto com Lasar Segall, Anita Malfatti e Victor Brecheret, uma vez que sua exposição, em dezembro de 1920 em São Paulo, o aproximou dos modernistas, sendo na seqüência convidado por Oswald de Andrade a fazer parte da mostra da Semana de Arte Moderna de 1922, integrando-se assim ao processo do Modernismo Brasileiro. Sua pintura de então apresentava um paralelismo entre o tratamento de cores do pós-impressionismo tardio e técnico e o desenho preciso e anguloso, de forte apelo gráfico, espelhando sua habilidade de cartazista. Este componente é marcado pelo desenho de angulosidade e precisão da Secessão de Munique, onde ganhara vários prêmios, entre 1910 e 12. Trata-se do elemento moderno e atraente para o ambiente paulistano; quanto a isso escreve Claro Mendes em Papel e Tinta, em junho de 1920: “John Graz, reputado na Europa pelos seus admiráveis vitrais e pela moderníssima composição de seus quadros é um elemento que a nossa capital devia aproveitar para a definitiva formação de nossa cultura”.
Sua formação artística tem início em 1906, na Escola de Belas Artes de Genebra, sofrendo como todos de sua época a influência do simbolista Ferdinand Hodler (1853 – 1918) o mais importante pintor suíço, de então. Neste período, foi companheiro dos brasileiros irmãos Antonio Gomide e Regina, com quem se casaria anos mais tarde. Permaneceu um curto período em Munique, aproximando-se do estilo gráfico da Secessão, especializando-se em cartazes de publicidade. Em Genebra novamente, em 1913, retorna à Escola de Belas Artes, tendo sido destacado com bolsas de estudo de viagem à Espanha por duas vezes, onde realiza uma série de paisagens, retomando ideais de Cézanne e das quais sete cenas de Toledo seriam expostas na Semana de Arte Moderna.
Radicado em São Paulo a partir de maio de 1920, quando veio conhecer a família de sua futura esposa Regina e casar-se, trava relações com Oswald e Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Di Cavalcanti, Menotti Del Picchia, Victor Brecheret, Anita Malfatti e Sérgio Milliet, entre outros. Realiza a sua primeira exposição no país em 1920 e participa da Semana de 22, com telas que revelam a influência clássica dos antigos mestres, em especial os italianos, via Hodler, ao mesmo tempo que apresentam uma latente influência do cubismo na geometrização das formas. No decorrer da década de 20 faz visitas freqüentes a Paris, com Regina, freqüentando os artistas brasileiros da primeira geração modernista. Ambos se interessam pelas tendências cubistas e orientais, na arte e decoração, que acabariam por eclodir em 1925 com o estilo Art Déco.
Desde 1923, em parceria com Gregori Warchavchik, arquiteto russo, desenvolve intensa atividade de decorador , de início nas casas modernistas, obtendo grande sucesso – é apelidado “Graz, o futurista”. Introduziu inovações na arquitetura de interiores, como a iluminação indireta de ambientes, o uso de materiais diferenciados – metal, cobre, tubos, chapas de aço e superfície cromadas – além de realizar afrescos, em geral com motivos históricos. Regina completava a decoração com tapeçarias, almofadas, cúpulas de luminárias e tapetes.
Em virtude dos trabalhos como decorador, Graz afastou-se da pintura – retornando somente em 1969. Tentou algumas experiências com a abstração geométrica, mas rapidamente retomou a figuração. Mesmo não havendo uma unanimidade entre os críticos em relação ao valor de sua pintura, que carece de emoção, sacrificada em função de valores decorativos. Entretanto, não se pode esquecer sua importância no Modernismo Brasileiro, em especial por ter sido o responsável por levá-lo para dentro das casas, nos objetos de uso cotidiano, segundo o Art Déco.
(Fonte: http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos – MODERNISMO BRASILEIRO)