PRIMEIRO AUTÓDROMO BRASILEIRO
Conhecendo os seres humanos como nós bem conhecemos, não é de estranhar que bastou a existência de dois carros para que seus proprietários já começassem a alardear que o meu anda mais rápido. Alguns rachas extra-oficiais ocorreram aqui e ali, mas a primeira corrida de verdade disputada no Brasil (e na América do Sul), com pista, juiz e regulamento, aconteceu no dia 26 de julho de 1908, em São Paulo. A inspiração viera de várias carreiras que já eram disputadas na Europa desde 1898 e da primeira corrida internacional, disputada na França em 14 de junho de 1900, envolvendo cinco competidores de quatro países. Mas em especial, a mania de velocidade começou com a repercussão do primeiro Grand Prix francês, realizado no circuito da cidade de Lê Mans, em 1906.
O primeiro autódromo brasileiro foi o Parque Antarctica, onde hoje fica o campo do Palmeiras, e que, na época, era um enorme passeio público com ruas de terra. Mas como era cercado com muros, foi possível cobrar ingresso e uma razoável multidão se dispôs a testemunhar as façanhas dos ases motorizados. A prova recebeu o nome de Circuito de Itapecerica e previa um percurso de 70 quilômetros. Os competidores foram divididos segundo a potência de seus veículos e o vencedor da categoria principal (acima de 45 cavalos) foi o industrial do ramo têxtil Sylvio Álvares Penteado, pilotando um Fiat, à incrível velocidade média de 50 km/h. Em 1909, o Automóvel Club do Brasil promoveu a primeira corrida no Rio, no circuito de São Gonçalo.
Os 72 quilômetros da prova foram cobertos pelo grande vencedor, Gastão de Almeida, em 1h30. Sylvio e Gastão foram os primeiros expoentes de uma linhagem de pilotos brasileiros reconhecidos e cultuados no mundo inteiro.
(Fonte: Revista QUATRO RODAS ESPECIAL Edição Especial 0418 N.º 507B Editora ABRIL A Automóvel no Brasil Capítulo II – O Carro no Brasil Pág. 31)