PRIMEIRA GRANDE LEVA DE IMIGRANTES

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PRIMEIRA GRANDE LEVA DE IMIGRANTES

A descoberta do “Novo Mundo”
Ao ouvir os discursos sobre a imigração judaica na Assembléia dia 14 de abril, o médico José Cutin, 82 anos, teve a sensação de estar escutando a história da sua própria família. Ele é um dos seis filhos de Leon e Esther, casal de judeus russos que chegaram com a primeira grande leva de migrantes, no início do século 20. Eles fugiram de Odessa, sul da Ucrânia, para escapar dos pogrons (operações de extermínio) que os cossacos faziam contra os judeus, a mando dos czares.
O casal veio de navio para a Argentina e, depois de um ano, deslocou-se para Philippson, a colônia judaica instalada em Santa Maria – hoje Itaara. Retomou as atividades que mantinha na Europa – Leon como mascate, Esther como agricultora. Tudo era difícil: o idioma, os hábitos, a nostalgia da vida deixada para trás. Os migrantes falavam iídiche, dialeto que mistura palavras hebraicas, alemãs e russas. Tiveram de aprender o português.
– Mas existia uma grande vantagem, a ausência de guerra e perseguições – pondera José Cutin.
O sonho de todo bom migrante judeu era que o filho escolhesse profissões que permitissem mobilidade: medicina, direito ou comércio, com as quais poderiam se estabelecer em qualquer país, caso ocorressem novas perseguições. Para alegria de Leon e Esther, os seis filhos se formaram médicos.
O casal se mudou para Porto Alegre, onde montou loja na Rua Vigário José Inácio. Vendia tapeçarias, móveis e eletrodomésticos. Assim conseguiu custear a faculdade dos filhos. Leon gostou tanto do “Novo Mundo” que se naturalizou brasileiro, tornou-se maragato de coração e, até o fim da vida, tomava chimarrão todo dia.

(Fonte: Zero Hora – 15 de abril de 2004 – História – Edição nº 14116)

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