Giulio Carlo Argan (Turim, 17 de maio de 1909 Roma, 12 de novembro de 1992), político, historiador e crítico de arte italiano. Argan não aceitava a ideia de uma cultura dividida em níveis, alguns deles acessíveis e outros inalcançáveis para a maioria dos mortais.
Por causa disso, de sua autoria Arte Moderna jamais perde de vista o leitor não iniciado no assunto. Num texto elegante e cristalino, Argan traça seu monumental painel artístico, do neoclassicismo à arte pop. Por causa das boas reproduções, o ensaio de Argan se confunde às vezes com um autêntico livro de arte.
(Fonte: Veja, 23 de dezembro de 1992 ANO 25 N° 52 – Edição n° 1267 LIVROS Pág; 106/107)
Nasceu em Turim, na Itália, em 1909, e morreu em Roma, em 1992. Aluno do crítico e historiador da arte Lionello Venturi, destacou-se internacionalmente a partir da década de 30 com estudos sobre a arte medieval e renascentista (L”architettura preromanica e romanica in Italia, 1936; L”architettura del Due e del Trecento in Italia, 1937).
Remontam à década de 50 seus estudos sobre Brunelleschi (1951), Gropius e a Bauhaus (1951, traduzido pela Editorial Presença), Beato Angelico (1955), Botticelli (1957).
Em 1959 sucedeu a Venturi na cátedra de história da arte moderna, na Universidade de Roma. Publicou numerosas monografias e coletâneas de ensaios, entre elas História da arte como história da cidade (1983, traduzida pela Martins Fontes).
Muito ativo politicamente, elegeu-se prefeito de Roma em 1976, e senador em 1983, pelo Partido Comunista Italiano. Seu último trabalho foi Michelangelo architetto (1990).
(Fonte: http://www.companhiadasletras.com.br/autor)
Giulio Carlo Argan foi o último representante de uma grande tradição crítica que corresponde historicamente aos movimentos modernos da arte. De fato, o crítico e ensaísta italiano provém de uma escola (a de Adolfo e Lionello Venturi) que procura o sentido da arte na sua história, mais do que em faculdades inatas ou em princípios absolutos.
Foi Argan, aliás, que levou essa orientação até as últimas conseqüências: se a arte é um fenômeno histórico, não há garantia de que ela seja eterna. O desaparecimento do artesanato, de que a arte era guia e modelo, e o surgimento da produção industrial, que se baseia sobre outros princípios, pode muito bem determinar o fim da arte como atividade culturalmente relevante. Essa tese é o pano de fundo desta Arte moderna.
(Fonte: http://www.companhiadasletras.com.br/autor – ARTE MODERNA – Do Iluminismo aos movimentos contemporâneos/ Por Lorenzo Mammì)
Um dos maiores críticos de arte do século 20, em Arte Moderna Do Iluminismo aos Movimentos Contemporâneos, toma o atalho que só as melhores inteligências conhecem: elucida os mistérios da arte com clareza. O livro de Argan, um professor de História da Arte adepto do marxismo e que foi senador e prefeito de Roma entre 1976 e 1979, é uma obra definitiva.
Lançado originalmente em 1970, ele mapeia a trajetória da arte no mundo desde a Revolução Francesa até o surgimento dos artistas pop. Por arte entenda-se também a arquitetura e o urbanismo. É uma obra especial por muitos motivos. Primeiro, pelo próprio conceito de arte do autor. Argan, embora marxista, via a criação artística não apenas como um reflexo direto da vida sócio econômica de determinada cultura mas como um fenômeno em si próprio, gerador de conhecimento. Desse modo, ao historiar cada corrente ou artista com relação à época em que surgiu, não transforma seu texto numa sucessão previsível de causa e efeito. Ao contrário, conta uma história da cultura através da arte.
O severo marxista não enxerga qualquer traço revolucionário em expoentes da arte pop como Andy Warhol (1928-1987) ou Roy Lichtenstein (1923-1997). A crítica de Argan à arte pop serve para concluir em sua teoria mais ousada que talvez a própria arte esteja com seus dias contados, e que talvez venha a ser substituída por outro tipo de expressão. As mitologias pagãs morreram e veio o cristianismo, a alquimia deu lugar à ciência, o feudalismo foi substituído pelas monarquias e depois pelo Estado burguês, o mesmo pode acontecer à arte, sustenta Argan. Para um pensador que dedicou a vida a estudar mais de vinte séculos de arte, é uma opinião corajosa.
(Fonte: Veja, 6 de janeiro de 1993 ANO 26 N° 1 – Edição n° 1269 ARTE Pág; 76/77)