Roniquito, mito da boemia carioca, criador do termo “aspone”
Ronald Russel Wallace de Chevalier (Manaus, 1937-1983), o Roniquitoe, foi um economista notabilizado pela irreverência e amizade com intelectuais e festeiros renomados.
Economista brilhante, a quem até Mario Henrique Simonsen, chegava a pedir conselhos com frequencia.
Roniquito era irmão da personagem famosa nas noites do Rio de Janeiro, a jornalista e escritora Scarlet Moon de Chevalier, que por sua vez foi casada com o cantor e compositor Lulu Santos, a quem conhecera nas noites do Rio e que sempre destacou a influência dela em suas músicas.
Roniquito é uma história das muitas que cercam um dos personagens ao mesmo tempo mais amados e odiados da Ipanema dos anos 60 e 70. Roniquito se transformava depois do quarto uísque. A partir de então, era de uma franqueza desconcertante, e aprontava as maiores confusões.
O fato se deu no começo da década de 70. Ladrões invadiram o Antonio’s, principal reduto da boemia carioca, dominaram os freqüentadores e começaram a esvaziar os caixas. Assustados, todos ficam em silêncio, exceto um homem franzino, que interrompe a ação diversas vezes insistindo para que levem também uma lista de pessoas e valores ao lado da caixa registradora. Era a relação dos devedores do bar, o “pendura”.
Esse homem é Ronald Russel Wallace de Chevalier, o Roniquito, e a história é uma das muitas que cercam um dos personagens da boemia carioca.
Carioca nascido em Manaus, em 1937, Roniquito de Chevalier passou à posteridade (ou a uns poucos fiéis que cultuam a sua memória) como um sujeito tímido, cultivado e bem-nascido que, animado por algumas doses, fez fama desafiando, com inteligência aguda e frases de efeito, talentos reconhecidos e autoridades de circunstância, desancando tudo e todos com fúria “niilista” -um niilismo, “com sol”.
Ele constituiu um dos verbetes mais saborosos da enciclopédia “Ela É Carioca”, de Ruy Castro, e vinha aparecendo, sempre de forma incidental, em páginas tais quais as do livro de Tom Cardoso sobre o jornalista gaúcho Tarso de Castro (1941-1991).
Um dos fundadores da Banda de Ipanema, Roniquito teve em sua vida postos mais sérios -trabalhou com Carlos Lessa na Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), como chefe do Serviço Econômico e Financeiro da Carteira de Cooperativas do BNH, como assessor de Walter Clark na Globo e no Ministério da Fazenda. Nem por disso deixou de carnavalizar a pompa: a ele costuma ser atribuída a cunhagem da palavra “aspone”, diminutivo de “assessor de porra nenhuma”, vocábulo já acolhido pelo dicionário “Houaiss”.
(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer – NOTÍCIAS – CULTURA – Heloisa Aruth Sturm e Sergio Torres – RIO DE JANEIRO – 5 de junho de 2013)
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0909200618 – FOLHA DE S.PAULO – ILUSTRADA – PEDRO IVO DUBRA DO GUIA DA FOLHA / RAFAEL CARIELLO DA REPORTAGEM LOCAL – 9 de setembro de 2006)
(Fonte: Veja, 24 de novembro de 1999 – ANO 32 – Nº 47 – Edição 1625 – Livros/ Por Ruy Castro – Pág: 190)