Arturo Vega, o quinto Ramone

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Arturo Vega, o quinto Ramone

Não precisou de ser músico para ser considerado o quinto Ramone. Arturo Vega, o designer responsável pelo icónico logo dos Ramones, imagem de tantas t-shirts, do homem que acompanhou a banda durante 22 anos.

Foi há quase 40 anos que Arturo Vega, um mexicano que no início da década de 70 decidiu emigrar para Nova York, criou aquela que é hoje considerada uma das imagens mais icónicas do punk: o logo dos Ramones, a histórica banda punk nova-iorquina.

Amigo próximo dos Ramones, Arturo Vega não foi apenas o designer da banda. Abriu as portas de sua casa a Joey e Dee Dee Ramone no início da banda, acompanhando assim a gravação dos primeiros trabalhos.

Nos últimos anos, Vega tornou-se ainda numa espécie de zelador da banda, reproduzindo uma e outra vez as muitas histórias de Joey, Dee Dee, Johnny e Tommy Ramone, o único elemento vivo.

O vocalista Joey morreu em 2001, vítima de um linfoma, Dee Dee e Johnny desapareceram em 2002 e 2004. O apelido Ramone era usado por todos como pseudônimo.

A história de Arturo Vega e a importância que teve para a banda de Blitzkrieg Bop está muito bem documentada na biografia I Slept With Joey Ramone, assinada por Legs McNeil e Mickey Leigh, o irmão de Joey Ramone.

“O Arturo estava totalmente enamorado pelos Ramones, e investiu muito do seu tempo a fazer tudo o que pudesse para os ajudar, artisticamente ou outra coisa qualquer. E apesar de eles não lhe pagarem, ele continuou a desenvolver novos designs para flyers, cartazes, banners, cenários e, mais tarde, t-shirts”, lê-se no livro, que poderá vir a ser adaptado ao cinema.

Numa recente entrevista à Rolling Stone, Arturo Vega explicou este seu amor à banda. “Sinto-me responsável por continuar o legado dos Ramones. O rock and roll tem sido o meu farol e a minha fonte de motivação, uma arma para mudar o mundo”, disse há pouco mais de três meses Vega, explicando que a mudança para Nova Iorque aconteceu porque estava à procura de “fazer alguma coisa relacionada com arte”.

É então que conhece Dee Dee, com quem partilha casa. Mais tarde Joey, que não estava contente com a casa onde vivia, muda-se para o loft dos seus amigos, hoje conhecido como “o loft dos Ramones”. Fica perto do bar CBGB, onde a banda começou a dar os primeiros concertos. “E assim começou a minha história com os Ramones”, rematou Vega, acrescentando que o seu trabalho “era parte do espectáculo”, até porque foi durante muito tempo responsável pelas luzes dos concertos da banda. “Nós fomos os primeiros a usar a luz branca pura”, gabava-se.

Mas a sua maior marca, e que ainda hoje, já longe da existência da banda, continua a render dinheiro, é o logo. Está por todo o lado e deixou mesmo de ser uma imagem do punk underground para se tornar num ícone comercializado em grande escala. Não é por acaso que se podem encontrar t-shirts e sacos com este logo em algumas lojas de roupa bem conhecidas, como a H&M ou a Primark. Há quem diga que foram mesmo as t-shirts que durante muito tempo foram a principal fonte de receitas dos Ramones e Arturo Vega nunca desmentiu.

“As t-shirts vendiam-se como pães quentes”, disse na entrevista à Rolling Stone, explicando que a banda de fato não vendeu muitos discos, ao contrário do que aconteceu com as t-shirts. E outra vez pioneiros: “Fomos os primeiros a vender as t-shirts metodicamente em concertos e nunca negociámos com uma empresa de merchandising”.

E como surgiu o logo? A história é muito simples, dizia Vega, que tantas vezes foi questionado sobre isto. A inspiração vem de um logo de uma loja que ainda hoje existe, a Kaufman’s. Mas a águia, que aparece no centro da imagem, já existia antes disso na cabeça de Vega. “Está na bandeira do México”, explicou o designer, acrescentando ainda que “desde os romanos que a águia é vista como algo majestoso”. “Nunca fazem coisas estúpidas como chupar “as bolas”, o que um leão faria”, justificou. A imagem definitiva, em que aparecem os nomes dos quatro Ramones, inspirada também pela moeda de dólar de Eisenhower de 1972, ficou concluída em 1976.

(Fonte: http://www.publico.pt/cultura/noticia – CULTURA – MÚSICA – CLÁUDIA CARVALHO 09/06/2013)

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