Barbie: carniceiro de Lyon
Klaus Barbie (Bad Godesberg, 25 de outubro de 1913 – Lyon, 25 de setembro de 1991), criminoso de guerra, ex-chefe da Gestapo em Lyon, na França, entre 1942 e 1944, durante a ocupação alemã.
Conhecido como “o carniceiro de Lyon”, sua tarefa era desarticular política e militarmente a Resistência Francesa. Barbie executou implacavelmente a missão. Pesavam sobre suas costas a acusação da morte de 4 342 pessoas, a deportação de 7 591 judeus para campos de extermínio e a prisão de 14 311 membros da resistência. Seu maior golpe foi a prisão, em junho de 1943, de Jean Moulin, então presidente do Conselho Nacional de Resistência. Moulin morreu na prisão. No final da guerra, Barbie foi capturado pelo Exército americano e passou a colaborar com o serviço de informações.
Em troca, seis anos depois teve a sua fuga para a Bolívia facilitada. Com o nome falso de Klaus Altmann-Hansen, conseguiu a cidadania boliviana em 1957. Passou 32 anos no país, onde dirigiu a empresa de transporte Transmarítima Boliviana e foi acusado de formar quadrilhas paramilitares, envolvendo-se com chefões da cocaína e governo militares. Em 1972, deu uma célebre entrevista ao repóster Ewaldo Dantas Ferreira, do jornal O Estado de S.Paulo, rememorando suas funestas façanhas durante a guerra.
A tranquilidade acabou em fevereiro de 1983, quando o civil Hermán Siles Zuazo assumiu a Presidência da Bolívia e Barbie terminou despachado sumariamente para a França. O julgamento por crimes contra a humanidade só começou em 1987. O advogado Jacques Vergès explorou habilmente a questão do colaboracionismo generalizado durante a guerra, um pecado que a França preferiria esquecer, mas Barbie acabou condenado à prisão perpétua.
Klaus Barbie faleceu em 25 de setembro de 1991, aos 77 anos, de leucemia, no hospital-prisão de Jules Courmont, em Lyon.
(Fonte: Veja, 2 de outubro de 1991 – ANO 24 – Nº 40 – Edição 1202 – DATAS – Pág; 89)