Uma antiga estrela do PSD
Etelvino Lins (Sertânia, 20 de novembro de 1908 Rio de Janeiro, 18 de outubro de 1980), um dos políticos mais hábeis surgidos no Estado Novo e desenvolvidos no regime de 1946. Ex-governador de Pernambuco, foi um dos mais destacados dirigentes do extinto PSD e, apesar de suas boas maneiras e de sua elegância pessoal – jamais dispensava um chapéu Borsalino preto impecavelmente limpo -, começou sua carreira como chefe de polícia e, segundo seus adversários, como o mandante dos tiros que mataram um estudante no Recife, em 1945.
Hábil, manteve-se na política mesmo sem mandato e, em 1970, defendeu a tese da incorporação do AI-5 à Constituição. Assegurava ao governo que isso seria possível sem alterar o quadro político do futuro “porque o AI-5 é o golpe e ninguém dá golpe no golpe”. Sua ideia não foi aceita pelo governo Emílio Garrastazu Médici (1905-1985) e, mais tarde, com a abertura, o presidente Ernesto Geisel (1907-1996) não incorporou o Ato à Constituição.
Antes de deixar o Congresso, deu seu nome à lei que determina o transporte gratuito dos eleitores nos dias de pleito. Em 1974, deixou definitivamente a política, recolhendo-se à redação de suas memórias e a longas caminhadas pela praia de Copacabana. Então, cumpriu o percurso habitual dos políticos que se envolvem com atos de repressão política: desculpou-se publicamente por ter determinado a prisão, em 1942, de um jovem e agitado inimigo da ditadura chamado Gilberto Freyre (1900-1987).
Ele também já havia ocupado os cargos de senador e deputado federal por Pernambuco.
Etelvino Lins morreu em 18 de outubro, aos 71 anos, depois de um aneurisma abdominal, ele sobreviveu alguns dias na Casa de Saúde São José, onde se internara para se operar de hidrocefalia quinze meses depois de ter sofrido um derrame cerebral.
A morte de Etelvino completa mais uma etapa do desaparecimento dos grandes caciques do PSD. Desde a morte do senador Benedito Valadares (1892-1973) e do ex-ministro José Maria Alkmin (1901-1974), lendários personagens da cena brasileira.
(Fonte: Veja, 22 de outubro de 1980 – Edição n° 633 – MEMÓRIA – Pág; 30)
(Fonte: Zero Hora – ANO 47 – Nº 16.482 – Há 30 em ZH – 19 de outubro de 1980 – 19 de outubro de 2010 – Pág; 55)