O senhor Fardão
Austregésilo: vocação para padre na adolescência e jornalismo como profissão
Austregésilo de Athayde (Caruaru (PE), 25 de setembro de 1898 – Rio de Janeiro (RJ), 13 de setembro de 1993), escritor de obra curta, o presidente da Academia Brasileira de Letras foi uma festejada personalidade cultural do país.
Como escritor, deixou uma obra curta e inexpressiva. Mas fez fama como presidente da Academia Brasileira de Letras, ABL, onde ingressou em 1951 e da qual era presidente desde 1959. Pernambucano de Caruaru, Belarmino Austregésilo de Athayde nunca se considerou um grande escritor. Orgulhava-se de ser jornalista. Escrevia uma coluna no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro.
Austregésilo foi um dos fundadores dos Diários Associados, principal grupo de comunicações do país antes do advento das Organizações Globo, e, como repórter, cobriu o julgamento do gângster Al Capone, em 1931. Em 1948, como representante do Brasil, participou da comissão da ONU que redigiu a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Fez a revisão final do documento, juntamente com o jurista e filósofo francês René Cassin (1887-1976), e atribui-se à sua oratória incisiva e inflamada a inclusão do nome de Deus no texto, contra a vontade da delegação soviética. Quando recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1968, Cassin declarou que gostaria de tê-lo dividido com “o brasileiro Austregésilo de Athayde”.
Filho de desembargador, Athayde passou a adolescência num seminário, mas aos 18 anos tornou-se crítico literário do Correio da Manhã. Foi exilado como adversário da Revolução de 30, que enterrou a República Velha, e apoiou o golpe de 1964 com entusiasmo. Em 1970, boicotou a candidatura de Juscelino Kubitschek à Academia, em troca de um terreno no qual está fincado o prédio novo da instituição, no centro do Rio de Janeiro, e que sustenta a entidade com o aluguel de escritórios.
Na ABL, praticava a austeridade. Nos últimos tempos, por exemplo, os acadêmicos queixavam-se de que os jetons que recebem para participar de sessões, hoje fixados em 1 000 cruzeiros reais, eram insuficientes para pagar o táxi até a sede da ABL. Para não aumentar os jetons, Austregésilo adquiriu um furgão que passou a buscá-los em casa.
Casou-se uma só vez, com Maria José, a “Jujuca”, como ele a chamava, que lhe deu três filhos: Laura, crítica de livros infanto-juvenis, Roberto, dramaturgo, e Antonio Vicente, executivo da Globosat.
Viúvo desde 1984, nos últimos anos adotou o costume de proferir galanteios em público. Em casa, cultuava a memória da mulher com obsessão, chegando a manter um quarto com roupas e objetos pessoais dela. Austregésilo cunhou uma frase imortal: “O segredo da longevidade é dormir bem. Para a cama não se levam problemas – apenas mulheres.”
Três semanas depois de ser internado com pneumonia, Austregésilo de Athayde morreu em 13 de setembro, no Rio de Janeiro, aos 94 anos.
(Fonte: Veja, 22 de setembro de 1993 – ANO 26 – Nº 38 – Edição nº 1306 – MEMÓRIA – Pág; 127)
(Fonte; Veja, 23 de setembro de 1998 – ANO 31 – N° 38 – Edição 1565 – LIVROS – Pág; 150)
Morre, em 13 de setembro de 1993, o jornalista Austregésilo de Athayde, um dos redatores da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
(Fonte: Zero Hora – ANO 45 – N 15.720 – Hoje na História – 13 de setembro de 2008 – Almanaque Gaúcho – Olyr Zavaschi – Pág; 62)