Vladimir Volkoff, autor de obras de diversos estudos sobre a manipulação informativa.

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Foi o primeiro escritor que se dedicou seriamente ao estudo da manipulação informativa.

Volkoff: misto de Greene e Dostoiévski

Vladimir Volkoff (Paris, 7 de novembro de 1932 – Bourdeilles, Dordogne, 14 de setembro de 2005), escritor francês de origem russa autor de obras de diversos estudos sobre a manipulação informativa, como por exemplo o livro “Pequena História da Desinformação”. Nascido em Paris, de pais russos, em novembro de 1932, autor de cinco romances e dois ensaios, ele permaneceu desconhecido até 1979, quando o célebre “A Conversão” estourou na França, sendo logo traduzido para quinze línguas. Volkoff dedicou-o nada menos que a Graham Greene, com quem muito se parece – o melhor Greene, o de “O Poder e a Glória.”

Soldado, jornalista, ator, caçador, professor, esgrimista, ele participou da guerra da Argélia mas é fundamentalmente escritor: a agilidade do texto é impressionante; o espírito é poderoso e flexível. Por trás de tudo está o cristão ortodoxo, sua fé dramática, sua liturgia intensa, seu messianismo, seu profetismo.

Um romance policial vira de repente romance teológico e nos projeta em cheio num círculo dostoievskiano. Eis a novidade de Volkoff, que obteve a dificílima osmose de qualidade e sucesso em “A Conversão”. O romance de espionagem, cheio de malabarismos e surpresas, transforman-se num testemunho trágico de fé religiosa, mas conserva sempre um clima de humor verdadeiramente fascinante. A trama se passa em Paris, ao tempo de De Gaulle. Aí o clima dostoievskiano se revela e se condensa. O espião soviético encontra Deus: na sombra e sob exalações de incenso, como Claudel na Catedral de Notre-Dame, em 1886, ele se converte de forma fulminante e total.

Volkoff certamente leu Berdiaev e Soloviev. A atmosfera é alucinante, temas políticos e místicos se justapõem. Um romance de capa e espada que se transforma num diálogo místico entre um espião e um padre, diante da face de Deus, um drama e romance num estilo ágil e concentrado, moderno e barroco, por alguém que viveu intensamente a complexidade dos caminhos do amor. Volkoff morreu em 14 de setembro de 2005, em Paris, aos 72 anos.

(Fonte: Veja, 19 de novembro de 1980 – Edição nº 637 – LIVROS/ Por Antônio Carlos Villaça – Pág; 120)

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