Cristiano Coutinho Cordeiro (Limoeiro, 23 de maio de 1895 – Recife, 30 de novembro de 1987), o último remanescente dos nove comunistas que, no dia 25 de março de 1922, se reuniram no Rio de Janeiro para fundar o Partido Comunista Brasileiro.
Cristiano Coutinho Cordeiro nasceu no dia 23 de maio de 1895, no município pernambucano de Limoeiro.
Ingressou na Faculdade de Direito do Recife, em 1913, bacharelando-se em 1917, aos 22 anos de idade.
Em 1913, estudante universitário e funcionário do Tesouro do Estado (hoje Secretaria da Fazenda de Pernambuco), começou a frequentar sindicatos e a participar de movimentos operários, inclusive tomando parte numa passeata de empregadas de fábricas de cigarros conhecidas como as cigarreiras, realizada no Recife.
A pedido do comitê da greve geral que aconteceu no Recife, em 1919, elaborou um número especial dedicado ao movimento para o jornal Tribuna do Povo, jornal criado em 1918, por Antônio Bernardo Canellas, como Órgão da Federação da Resistência das Classes Trabalhadoras de Pernambuco.
Em 1921, dirigiu o jornal A Hora Social, órgão da Federação dos Trabalhadores de Pernambuco, que circulou pela primeira vez no Recife, no dia 26 de outubro de 1919. Sua redação e oficinas funcionavam na Praça do Carmo, n. 17.
Fundou com o escritor e jornalista Astrogildo Pereira e outros sete companheiros, em 1922, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), numa reunião realizada em Niterói, no Rio de Janeiro.
De volta ao Recife, procurou ampliar o grupo, que passou a ser o considerado o comitê regional do PCB. Apesar de ter muitos simpatizantes, o partido nunca contou com mais de cem filiados. Entre os simpatizantes mais conhecidos podem ser citados Joaquim Cardozo e Aderbal Jurema.
Por sugestão do PCB, em 1933, Cristiano Cordeiro candidatou-se, com mais três operários, a deputado federal por Pernambuco pela legenda Trabalhador Ocupa Teu Posto (T.O.P.). Na sua plataforma estavam incluídos temas como a seca, o divórcio, a preservação dos indígenas brasileiros e a questão social.
Dos quatro candidatos, só ele foi eleito, porém não chegou a se tronar deputado federal. Em um depoimento dado a Ricardo Noblat, Cristiano Cordeiro conta o que houve: […] Agamenon Magalhães que já tinha ascendência sobre o mecanismo eleitoral, anulou duas urnas e deixei de atingir o coeficiente por uma diferença de poucos votos […].
Em 1935, foi eleito vereador do Recife, com mais dois companheiros da legenda, Trabalhador Ocupa Teu Posto, o operário gráfico Chagas Ribeiro e o comerciário João Bezerra. Conseguiu sozinho, mais votos do que os dezessete candidatos integralistas.
Se posicionou contra a chamada Intentona Comunista, classificando-a de quartelada por achar o movimento inoportuno. Mesmo assim, foi preso e recolhido à Casa de Detenção do Recife (hoje, Casa da Cultura), além de ser demitido do Tesouro do Estado, sendo libertado, no dia 9 de novembro de 1936, para participar do enterro da sua esposa, Celina Cordeiro.
Só em 1937, veio a tomar posse como vereador eleito do Recife, por meio de um Mandado de Segurança, impetrado pelo advogado Baltazar Mendonça no Tribunal de Justiça de Pernambuco, às vésperas do golpe que instituiu o Estado Novo.
Com o fechamento da Câmara foi novamente preso e intimado a deixar o Recife, pelo então secretário de Segurança Pública, Etelvino Lins, sendo deportado para Santos, São Paulo, onde lecionou em dois colégios e trabalhou como revisor do jornal Diário de Santos.
Posteriormente por indicação do então deputado federal Domingos Velasco, foi ser professor em Goiânia, capital do estado de Goiás. Lá exerceu diversos cargos, entre os quais o de professor de Introdução à Ciência do Direito, Direito Industrial e Legislação Trabalhista, na Faculdade de Direito de Goiás; professor do Curso Pré-Jurídico do Colégio Estadual de Goiás; professor de Economia Política, Legislação Fiscal e Direito da Escola Técnica de Comércio de Goiânia, da qual foi um dos fundadores, além de dirigir a Biblioteca Pública e colaborar em diversos jornais locais.
Foi ainda professor do Colégio Estadual de Petrópolis, Rio de Janeiro, nomeado por João Café Filho, então Presidente da República (1954-1955), que havia sido seu companheiro de imprensa, nas décadas de 1920 e 1930, no Recife.
Em 1947, por iniciativa do comitê regional do PCB, foi expulso do partido por causa da posição assumida face à Intentona Comunista de 1935.
Ao retornar ao Recife, em 1948, reassumiu seu cargo de funcionário público, sendo lotado no Arquivo Público Estadual, de onde só saiu ao se aposentar.
Em 1961, foi contratado para o cargo de redator e tradutor da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), na gestão de Celso Furtado, tendo trabalhado na Instituição até os 80 anos de idade.
Em 1982, lançou na Livraria Livro 7, no Recife, Memória & História, uma coletânea de escritos políticos no período de 1922 a 1979.
Cristiano Cordeiro faleceu em 30 de novembro de 1987, aos 92 anos, de ataque cardíaco, no Recife.
(Fonte: Veja, 9 de dezembro de 1987 – Edição n° 1005 – DATAS – Pág; 115)
(Fonte: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/Por Lúcia Gaspar – Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco – Recife, 27 de janeiro de 2012)
FONTES CONSULTADAS:
ARAÚJO, Antônio Henrique da Silva. O cristianismo em Pernambuco nos anos 30: Cristiano Cordeiro, o apóstolo dos trabalhadores, dezembro de 2011. Disponível em: . Acesso em: 25 jan. 2012.
BARROS, Manoel de Souza. Apresentação. In: MEMÓRIA & história 2. São Paulo: Ciências Humanas, 1982. p. 13-15.
CORDEIRO, Cristiano. Depoimento a Ricardo Noblat. In: MEMÓRIA & história 2. São Paulo: Ciências Humanas, 1982. p. 81-88.
MEMÓRIA & história 2. São Paulo: Ciências Humanas, 1982. 255 p.
NASCIMENTO, Luiz do. História da Imprensa de Pernambuco. Recife: UFPE, Imprensa Universitária, 1967. v. 3, p. 207.
NASCIMENTO, Luiz do. História da Imprensa de Pernambuco. Recife: UFPE, Editora Universitária, 1982. v. 8, p. 62.
COMO CITAR ESTE TEXTO:
Fonte: GASPAR, Lúcia. Cristiano Cordeiro. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: . Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009.