Harry Patch, último sobrevivente britânico da Primeira Guerra Mundial.

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Harry Patch (Somerset, Inglaterra, 17 de junho de 1898 – Somerset, 25 de julho de 2009), último sobrevivente britânico da Primeira Guerra Mundial.

Patch, o veterano de guerra que nunca matou ninguém, foi enviado para o front de batalha quando tinha apenas 18 anos.

Teve três amores em bom porto e perdeu outros três numa batalha fatal. Os primeiros três, as mulheres que perdeu para a velhice; os outros, os seus maiores companheiros de guerra. Harry Patch, último veterano britânico da Primeira Guerra Mundial. Era o terceiro homem mais velho do mundo e o mais velho de todos os europeus.

Nas trincheiras aprendeu o sentido da camaradagem e da amizade; e a fumar com o cachimbo virado ao contrário para não se ver o brilho do tabaco a arder na noite. Aos 15 anos, abandonou a escola para se dedicar à canalização. Sabia que não queria seguir as pisadas do irmão mais velho, sargento ferido em combate, mas com o estalar da guerra, foi inimigo dos alemães entre junho e setembro de 1917.

Num documentário posteriormente gravado com testemunhos de centenários que combateram no virar do século, Patch disse não gostar de guerras. Era dos mais velhos, mas tinha as memórias mais vívidas, e recordou fugas em que a lama estava ensanguentada e os gritos de ajuda enchiam o ar. “Só que nós não éramos como os bons samaritanos da Bíblia, éramos os ladrões que passávamos e os deixávamos ali.” Na Batalha de Passchendaele, uma das mais sangrentas, fintou a morte e perdeu mais de 70 mil camaradas britânicos, entre eles os três melhores amigos.

De regresso ao seu país, voltou à canalização. Quase 21 anos depois, era velho de mais para combater na Segunda Guerra Mundial; mas ironicamente, foi ela a dar-lhe cabo do negócio, arrastando os empregados de Patch para o campo de batalha.

Numa vida de guerras, nunca matou ninguém. Dizia que as guerras não justificam uma única morte e agradecia por nunca ter tido de matar ninguém. Quando foi apanhado de frente para um alemão que empunhava uma baioneta, fez pontaria ao tornozelo e ao joelho para conseguir fugir. Ferido na virilha e sem anestesia para o tratarem, quis matar o médico. Tinha quatro homens a agarrá-lo e foi o único ímpeto homicida que sentiu a vida toda. Admitiu, contudo, que teria fuzilado Hitler pelos milhares de mortes que provocou.

As memórias de quem viveu nas trincheiras ficam agora a cargo dos últimos resistentes: um norte-americano, um britânico que vive na Austrália e um canadiano que vive nos Estados Unidos.

Há alguns anos, disse que nunca esqueceria o dia em que encontrou um homem gravemente ferido a implorar a morte; antes que alguém conseguisse sacar do revólver, o homem morreu com a palavra “mãe” nos lábios. Diz que “foi um pedido de surpresa e alegria e, desde aí, soube que a morte não é o fim”.

A de Patch chegou suave.

Harry Patch morreu em 25 de julho de 2009, aos 111 anos na Somerset que o viu nascer em junho de 1898. Era o homem mais velho da Europa.

Quanto a Patch, teve direito a cortejo e a funeral de honra – para juntar à cidra batizada com o seu nome.

(Fonte http://www1.ionline.pt/conteudo/15204- por Joana Viana, Publicado em 27 de Julho de 2009)

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