John Grisham se transformou no escritor mais vendido da década de 90.
Era uma vez dois primos caipiras nascidos no Estado de Arkansas nos Estados Unidos. Ambos estudaram direito e, depois, enveredaram pela política. Um deu certo. Outro foi rejeitado pelas urnas e mudou de ramo.
O que deu certo virou presidente dos Estados Unidos. O que deu errado se transformou no escritor mais bem-sucedido do país. John Grisham, primo distante de Bill Clinton o avô materno do presidente americano tinha o sobrenome Grisham , é um fenômeno.
É o escritor que mais vendeu livros na década de 90, com 86 milhões de exemplares de 1991. Seu novo best-seller, O Júri, foi o livro que mais vendeu nos Estados Unidos em 1997, com 5 milhões de exemplares.
Ao longo de sete anos de carreira, suas obras propiciaram em todo o mundo negócios no valor de 1 bilhão de dólares, incluídas aí as adaptações de seus romances para o cinema.
Seu patrimônio pessoal, em 1996, era estimado em 30 milhões de dólares.
Dos livros de Grisham, depreende-se que a Justiça é boa, mas dentro dela há espaço para várias manipulações que podem ser feitas por advogados espertos e inescrupulosos.
O Júri é um exemplo disso. O livro gira em torno de uma batalha entre a indústria de cigarros e patrulhas antifumo nos Estados Unidos.
O que ele quer, na verdade, é mostrar como funcionam as pressões sobre os jurados num caso como esse. No livro, tanto a defesa quanto a acusação espionam os jurados, e vão além, lançando mão de todo tipo de chantagem para pressioná-los.
Batista fervoroso, Grisham viaja pelo mundo ajudando na construção de igrejas em pequenas comunidades e foi esse o motivo que o trouxe várias vezes ao Brasil, sempre incógnito.
Homem de hábitos simples, Grisham conserva da infância pobre não apenas o fervor religioso. Esse filho de arrumadeira com um pedreiro nasceu no Arkansas a 8 de fevereiro de 1955. Antes de se tornar escritor a tempo integral licenciou-se em Direito, exerceu advocacia especializado em defesa criminal e processos por danos físicos.
Grisham mora numa cidadezinha no interior do Mississippi, onde se dedica a ações de caridade e, nas horas de folga, treina uma pequena equipe de beisebol.
O passado humilde e os números assombrosos de seu sucesso fizeram de Grisham a segunda maior encarnação do sonho americano. A primeira habitava a Casa Branca mas ganhava bem menos e teve muito mais dores de cabeça.
(Fonte: Veja, 6 de maio de 1998 – Edição n° 1545 – ANO 31 – N° 18 LIVROS/ Por Carlos Graieb – Pág; 138/139)