Kenneth Noland, pintor abstrato conhecido pelas cores
Kenneth Noland (Asheville, Carolina do Norte, 10 de abril de 1924 – Port Clyde, Maine, 5 de janeiro de 2010), pintor abstrato cujos círculos concêntricos, listras e formas geométricas em cores brilhantes estão entre os mais conhecidos e admirados traços característicos do estilo de pintura abstrato conhecido como Color Field, surgido depois da Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos.
Noland chegou ao cenário artístico logo depois dos anos de maior prestígio do expressionismo abstrato. Estudioso dos pintores abstratos geométricos como Josef Albers e Ilya Bolotowsky, ele descobriu seu caminho nas formas geométricas, que serviam de recipiente a cores vibrantes manchadas sobre a tela. Em uma série de quadros, ele introduziu mudanças sutis nas formas que empregava, evoluindo de círculos, galardões, listras e diamantes para formas mais complexas, antes de retornar aos círculos nos anos finais de sua carreira.
Em 1960, o influente crítico de arte norte-americano Clement Greenberg proclamou que Noland e Morris Louis eram grandes artistas dos Estados Unidos, e sucessores dignos de Jackson Pollock e Willem de Kooning.
Sobre os quadros de Noland com círculos concêntricos, ele escreveu na revista Art International que “as cores dele contam por sua clareza e energia; não existem de forma neutra, como forma de acentuar a composição e o desenho; são elas que carregam a peça”.
“Ele foi um dos grandes coloristas do século 20”, disse Karen Wilkins, crítica de arte e autora de uma monografia sobre Noland. “Em companhia de Morris Louis e Helen Frankenthaler, ele inventou uma nova forma de arte abstrata caracteristicamente norte-americana, baseada na primazia da cor. O estilo compartilhava de alguns dos fundamentos filosóficos do expressionismo abstrato, mas sem o aspecto dramático. Seu ponto de partido foi o estilo tardio de Matisse, e Noland fez da pintura uma nova linguagem visual”.
Kenneth Clifton Noland nasceu em 10 de abril de 1924 em Asheville, Carolina do Norte. Seu pai, patologista e pintor amador, emprestou materiais de pintura ao menino depois de levá-lo a uma visita à Galeria Nacional de Washington, onde Kenneth, aos 14 anos, se deslumbrou com os Monets.
Convocado para o exército em 1942, Boland serviu durante a guerra no corpo aéreo do exército, como decodificador e piloto de planadores. Nos anos finais da guerra, ele serviu no Egito e Turquia.
Depois da Segunda Guerra Mundial, Noland estudou no Black Mountain College, uma escola experimental localizada não muito longe de sua cidade de origem. A teoria quase científica das cores proposta por Albers dominava o currículo de pintura, mas Noland preferia o estilo menos doutrinário de Bolotowsky e se deixou influenciar por Paul Klee, cujas coloridas fantasias surrealistas exerceram larga influência sobre a primeira mostra individual de Noland, realizada em 1949 em uma galeria de Paris.
A exposição ao trabalho de Matisse, em Paris, afetou profundamente as ideias de Nolan sobre a arte, e o inspirou a desenvolver o método que designou como “estrutura de cores”. De retorno aos Estados Unidos, ele se radicou em Washington, como professor do Instituto de Arte Contemporânea e da Universidade Católica dos Estados Unidos, e fez amizade com Morris Louis, um pouco mais velho, e como ele professor de arte; os dois davam aulas noturnas no Centro de Oficinas Artísticas de Washington.
Os dois amigos, influenciados por Frankenthaler, começaram a experimentar com técnicas de pintura por mancha, usando tinta menos densa aplicada sobre tela sem tratamento, com o objetivo de criar camadas translúcidas de cores que revelam a superfície da tela. A abordagem combinava muito bem com as normas de Greenberg quanto ao destino da pintura, que se tornava cada vez mais autorreferente, abandonando mais e mais a ideia de perspectiva.
Greenberg escolheu quadros de Noland para sua retrospectiva de talentos emergentes na galeria Kootz, em Manhattan, em 1954, e “In a Mist”, quadro que Noland pintou em 1955, foi selecionado por Dorothy Miller para sua mostra itinerante de jovens pintores norte-americanos, organizada para o Museu de Arte Moderna de Nova York em 1956. Em 1957, Noland realizou sua primeira individual norte-americana, na Tibor de Nagy Gallery.
Trabalhando com telas muito grandes, Noland passou a se expressar por meio de mais formas geométricas, com limites mais claramente expressos, a partir do final dos anos 50, começando a explorar as possibilidades emocionais das cores por meio de anéis concêntricos de largura variável que pareciam pulsar em direção aos limites físicos da tela.
No começo dos anos 60, ele passou a empregar formatos ovais, e deles avançou em direção a formas de galardões, listras horizontais e arranjos geométricos semelhantes aos de tecidos xadrez. No final dos anos 90, Noland retornou ao seu motivo inicial mais característico, o círculo, dessa vez pintado sobre um fundo colorido. Também experimentou com o uso de telas de formato diferenciado, muitas vezes em losango.
Em 1963, depois de um ano morando em Nova York, ele se transferiu a uma fazenda em South Shaftsbury, Vermont, até então propriedade do poeta Robert Frost. Lá, iniciou um estreito relacionamento de trabalho com o pintor Jules Olitski e o escultor britânico Anthony Caro, que lecionava no Bennington College, vizinho.
Em 1977, a curadora e historiadora da arte Diane Waldman organizou uma retrospectiva do trabalho de Noland no Solomon R. Guggenheim Museum. Hilton Kramer, resenhando a exposição para o “New York Times”, a definiu como “um imenso banho de delícias cromáticas”, ainda que tenha expressado reserva quanto ao que via como estranha combinação entre cores quentes e emoções frias, no trabalho de Noland.
Também mencionou o compromisso duradouro de Noland para com as formas e cores puras. Não importa que forma geométrica usasse, escreveu, “Noland sempre se manteve coerente e firme ¿para não dizer obstinado- em seus propósitos artísticos, que envolviam preencher a superfície da tela com uma experiência pictórica de pura cor”.
Com a ascensão da arte pop, do minimalismo e do pós-modernismo, o trabalho de Noland, marcado pelo rigor formalista, perdeu favor entre os críticos. “A partir dos anos 70, surgiu uma intensa reação contra o estilo Color Field e a arte abstrata em geral, que era também uma reação contra Clement Greenberg”, disse o crítico e historiador da arte Michael Fried, organizador de uma exposição sobre o trabalho de Noland, Frank Stella e Jules Olitski no Museu de Arte Fogg, em Harvard, em 1965. “Ele continuou sendo um grande pintor”.
Noland continuou a seguir as normas do alto modernismo, sem se deixar perturbar pela moda e sempre confiante quanto ao futuro da arte abstrata. “Trata-se de um campo fértil que mal começamos a explorar, e os artistas jovens retornarão a ele”, disse Noland em um simpósio, em 1994. “Estou certo disso”.
Kenneth Noland faleceu em 5 de janeiro de 2010, de câncer, em Port Clyde, Maine. Ele tinha 85 anos.
Em 1950, ele se casou com Cornelia Langer, ex-aluna do escultor David Smith. O casamento terminou em divórcio, e a mesma coisa aconteceu em seu segundo matrimônio, com Stephanie Gordon. Além de Rense, Noland deixa dois filhos -William Noland, de Durham, Carolina do Norte; e Jesse Noland, de Barnstable, Massachusetts; duas filhas -Cady Noland e Lyn Noland, ambas de Manhattan; um irmão, Neil, também de Manhattan; e um neto.
(Fonte: http://diversao.terra.com.br/gente – DIVERSÃO/ GENTE/ por William Grimes – 6 de Janeiro de 2010)