Cormac McCarthy, escritor americano de belíssima literatura, como revela A Travessia. O livro é o volume 2 da “trilogia da fronteira”, que McCarthy inaugurou em 1992 com Todos os Belos Cavalos e completou em 1998, ao publicar nos Estados Unidos Cities of the Plain (Cidades da Planície).
Durante quase toda a sua carreira, foi um escritor para poucos. Os acadêmicos americanos o comparavam a clássicos como Ernest Hemingway e William Faulkner, cujas heranças estilísticas ele parecia conciliar de maneira inusitada. Mas era só. Seus livros vendiam pouquíssimo, embora um deles, Blood Meridian, seja de fato uma obra-prima que mereceria por fazer pensar em Grande Sertão: Veredas, do brasileiro Guimarães Rosa.
A “trilogia da fronteira” fez com que as coisas mudassem. Transformou-o em autor de sucesso. Conferiu-lhe uma celebridade da qual ele tentou escapar. O que continua igual é a literatura de McCarthy, com suas sentenças lapidares, sua profunda investigação moral e uma atenção permanente para as “questões da vida e da morte”.
(Fonte: Veja, 24 de fevereiro de 1999 – ANO 32 – N° 8 – Edição 1586 – LIVROS/ Por Carlos Graieb – Pág; 134/135)