A primeira mulher a ocupar o cargo de juíza no Brasil

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A primeira mulher a ocupar o cargo de juíza no Brasil

Thereza Grisólia Tang (1922- ), gaúcha de São Luiz Gonzaga. Escreveu seu nome na história do judiciário brasileiro, ao se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo de juíza no Brasil.
A posição vanguardista catarinense em uma época em que mulheres não eram bem-vindas nos tribunais não foi conseqüência da benevolência de juristas examinadores, mas da aptidão que a concorrente a uma vaga no TJ de Santa Catarina demonstrou na entrevista, uma das etapas do concurso da magistratura. Na época, ano de 1954, mal assumiu o cargo e pôde sentir o quanto teria que trabalhar para provar a competência feminina e fazer jus à toga.
O primeiro obstáculo que enfrentou em virtude do preconceito foi na universidade. Na Faculdade de Direito de Porto Alegre, só homens estudavam, até a jovem conquistar seu lugar – junto do marido Valter Tang, que era dentista e voltou aos bancos da graduação para acompanhar a esposa, ela concluiu o curso.
Se a trajetória daquela que carrega o título de primeira desenbargadora catarinense renderia uma biografia das mais originais, a história da mulher nascida em São Luiz Gonzaga, em 1922, não é menos atraente. A vida particular guarda uma história de amor de causar inveja aos mais românticos. Quando era adolescente, moradora da cidade gaúcha, passou em frente a uma delegacia, no período da II Guerra Mundial, e viu um tumulto. A causa do burburinho era um alemão que, sem saber o motivo, fora detido. A justificativa usada pela polícia era a de que ele era nazista.
Indignada com a situação, Thereza começou a questionar os policiais e a exigir que dessem ao homem o direito de se defender. Ali, o sentimento de justiça dava os primeiros sinais. Estudante das que guarda os boletins, todos com notas acima ou iguais a oito, não imaginava que quando concluísse os estudos teria um casamento a sua espera. O alemão do episódio da delegacia chamava-se Valter Tang e havia se apaixonado pela menina, 15 anos mais nova, que o ajudou a livrar-se da prisão.
Quaestionadora, Thereza disse que casaria, mas com a condição de poder fazer faculdade. Depois de assinar uma espécie de termo de compromisso exigido por ela, Valter pôde levá-la ao altar e, claro, à universidade. O sentimento que ela chama de juizocultura veio nessa fase, quando, já casada, freqüentava a faculdade e começou a vislumbrar a possibilidade de chegar à magistratura.
Thereza propôs a criação de dois cargos de juízes corregedores e o protocolo unificado.
TRAJETÓRIA
Foi nomeada juíza substituta da 12ª circunscrição judiciária, com sede em Criciúma, em 1954.
Trabalhou em Araranguá, Criciúma, Turvo, Timbó, Palhoça, São José, Laguna, Joaçaba e Florianópolis. Foi promovida a desembargadora em 1975.
Dez anos depois, elegeu-se corregedora-geral de Justiça. Em 1989, tornou-se a primeira e, até hoje, única mulher presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Também foi a única mulher a presidir o Tribunal Regional Eleitoral do Estado. Aposentou-se por idade limite aos 70 anos, em 1992.
Em 1993, foi representante do Instituto dos Magistrados do Brasil em Santa Catarina.

(Fonte: Zero Hora – Ano 45 – Donna ZH, Porto Alegre, 12 de outubro de 2008 – Perfil – Por Mariana Ortiga – Pág; 4 e 5)

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