A DINASTIA NOMURA
A trajetória da corretora japonesa considerada uma das mais poderosas e influentes do mundo, a Nomura Securities Company.
Tokushichi Nomura (Osaka, 7 de agosto de 1878 – 15 de janeiro de 1945), criou poderosos conglomerados financeiros, industriais e mercantis no século 19, que hoje, seus executivos reúnem-se com as autoridades japonesas para tomar decisões sobre o mercado financeiro – decisões que sempre repercutem ao redor do mundo.
Tokushichi Nomura começou sua vida trabalhando, por volta de 1870, como comerciante de arroz e cambista. Ao longo das décadas seguintes, conseguiu construir um dos cinco zaibatsu mais importantes do país.
O longo caminho percorrido pela Nomura, desde sua fundação em meados do século 19, quando os samurais ainda dominavam o país, até sua participação na estratégia montada pelo governo do Japão para evitar que a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1987, destruísse também o mercado de ações japonês.
Através da história da Nomura, é possível perceber que o apetite com que os japoneses se lançam a comprar tudo é resultado de um esforço econômico secular.
Nesse esforço valeu principalmente o respaldo do governo às empresas japonesas, uma postura em que as regras éticas que devem balizar os interesses públicos e privados nem sempre, para não dizer quase nunca, foram respeitadas.
É parcialmente frustrada que o general Douglas MacArthur, chefe das forças americanas que ocuparam o país depois da derrota japonesa na II Guerra Mundial, fez para quebrar o poder dos zaibatsu, os poderosos conglomerados financeiros, industriais e mercantis de origem familiar. MacArthur conseguiu que o poder das famílias fosse encolhido, mas as empresas continuaram sua caminhada, a maioria se transformando nas grandes corporações do século 20.
Ao fim da guerra, a Nomura, já expurgada da influência da família fundadora, investiu na montagem de uma formidável máquina de arrecadação de investimento no mercado acionário. Milhares de corretores saíam diariamente à caça dos investidores – de executivos a donas de casa. Lastreada nessa máquina, a Nomura teve fôlego para ajudar a financiar o desenvolvimento industrial do Japão.
(Fonte: Veja, 23 de janeiro de 1991 – ANO 24 – N° 4 – Edição 1166 – LIVROS/ Por Luiz Roberto Serrano – Pág; 85)