Donga é autor de Pelo Telefone, o primeiro samba gravado no Brasil.
Ernesto Joaquim Maria dos Santos (Aldeia Campista, Rio de Janeiro, 5 de abril de 1890 – 25 de agosto de 1974), violonista e compositor Donga.
Afinal, viver já se tornara muito difícil. Os amigos de infância e de samba, como Sinhô, Pixinguinha e João da Baiana, tinham partido. Beber não podia. Nem fumar. A vista enfraquecera. E os sambas que ouvia em seus quatro radinhos de pilha francamente não lhe agradavam. O coração, que quase parou no último carnaval, precisava ser tratado com muito repouso e diversos medicamentos.
Havia, sim, a expectativa pelo disco que a cantora Elizeth Cardoso e o conjunto Época de Ouro preparavam, só com músicas compostas por ele. Todavia, horas antes da gravação da última faixa, uma notícia tornava póstuma a homenagem. Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, 83 anos, casado quatro vezes, uma filha (do primeiro casamento) e uma neta, estava morto.
Mestre Donga, como era chamado, foi enterrado no Rio de Janeiro, onde nasceu (no bairro de Aldeia Campista), viveu (da Lapa ao Estácio) e faleceu dia 25 de agosto, de uma trombose cerebral, em sua casa na Tijuca. À sua cidade ele ofereceu 71 anos de samba. E, nela, o mestre conseguiu um título que muitos discutem: ser o autor do primeiro samba gravado, “Pelo Telefone”, em 1917. A façanha, controversa ainda hoje, traduziu-se, de qualquer forma, no maior sucesso do carnaval na época. Cinco anos depois, integrando o conjunto Les Batutas, Donga tocou durante seis meses no dancing Scherazade, em Paris. Voltou em 1922, ano da inauguração do rádio no Brasil, o melhor divulgador daquele ritmo chamado samba, do qual era um dos pioneiros, ao lado de João da Baiana.
Neto de escravos, Donga foi elogiado pelo regente russo-americano Leopold Stokowsky e pelo compositor Heitor Villa-Lobos. Entrou para a “Enciclopédia Britânica” mas não conseguiu idêntica acolhida por parte de intérpretes brasileiros. Dos contemporâneos, antes de Elizeth Cardoso, apenas Martinho da Vila incluiu Donga em seu repertório.
O compositor Donga morreu em 25 de agosto de 1974, aos 83 anos, no Rio de Janeiro.
(Fonte: www.correiodopovo.com.br – ANO 116 – Nº 187 Cronologia – 5 de abril de 2011)
(Fonte: Veja, 4 de setembro de 1974 Edição n° 313 Música/ Por Sílvio Lancellotti – Pág; 77)