Foi o primeiro fotógrafo do Ocidente a entrar na Rússia

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Sua temática acabou influenciando fotógrafos no mundo inteiro, mas Cartier-Bresson é mais que isso.

Henri Cartier-Bresson (Chanteloup-en-Brie, 22 de agosto de 1908 – Montjustin, 3 de agosto de 2004), mestre francês da fotografia, entrou para a história da fotografia como o pai do fotojornalismo e um dos fotógrafos mais significativos do século XX. Foi um aficionado pelo mundo das imagens: expressou-se por meio de desenhos, pinturas, filmes cinematográficos.

NATURALIDADE – Nascido em Chanteloup em agosto de 1908, Cartier-Bresson pousou em Paris decidido a tornar-se pintor. Tomou aulas com André Lhote, no estúdio onde os brasileiros da época modernista também tinham aulas sobre cubismo, conheceu o poeta surrealista André Breton e passou a interessar-se pelas pesquisas fotográficas de Man Ray e do húngaro André Kertesz.

Começou a fotografar em 1930, aos 22 anos, e em 1932 comprou sua primeira Leica. Cartier-Bresson permeneceu convencido de que “a fotografia só mudou em seus aspectos técnicos, que para mim não constituem preocupação maior”. Decisiva, para o grande fotógrafo, foi a invenção da pequena câmara portátil de 35 milímetros, marca Leica, que seria a sua companheira inseparável por mais de cinquenta anos.

Essa pequena companheira deu mobilidade aos fotógrafos, até então presos a pesados tripés, e permitiu que trabalhassem com mais discrição. A chance de fotografar sem ser observado é outra marca especial de Cartier-Bresson. Ao permanecer invisível às pessoas que fotografa, ele capta uma perfeita naturalidade em seus modelos. Essa obsessão em não ser notado era tamanha que ele revestia com fita preta as partes brilhantes de sua câmara. Durante anos, Cartier-Bresson não se deixou fotografar – ele não queria ser reconhecido. Seus retratos só o mostravam escondido atrás de sua Leica inevitável, na qual só usava, além da lente normal, uma pequena teleobjetiva de 90 milímetros, ideal para quem quer fotografar discretamente.

MOMENTO EXATO – Em 1952, publicou o primeiro livro de fotos, que incluiu no prefácio uma frase formulada no século XVII, pelo cardeal de Retz: “Não há nada no mundo que não tenha o seu momento decisivo.” Seu editor transformou Momento Decisivo em título da obra e logo emergiram textos destinados a mostrá-lo como uma espécie de teórico da foto instantânea.

Tranquilo, discreto, nunca mostrou interesse pelas dramáticas cenas de guerra captadas por amigos como os americanos Robert Capa e David “Chim” Seymour, com quem fundou em 1947 a agência Magnum. Mas fotografou momentos políticos importantes – por exemplo, a liberação de Paris, na II Guerra Mundial, ou a divisão da Índia e do Paquistão. Cartier-Bresson foi, também, o primeiro fotógrafo do Ocidente a entrar na Rússia, em 1954, e na China, em 1958. O acervo coletado por Cartier-Bresson é quase o testamento de um dos grandes mestres da fotografia. Ele utilizou-a para ajudar o homem a conhecer melhor sua própria intimidade.

(Fonte: Veja, 7 de novembro de 1984 – Edição n° 844 – FOTOGRAFIA – Pág; 135)

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