O primeiro médico negro da região
Jornal foi o porta-voz da comunidade negra. O historiador José Antônio dos Santos, da Universidade Federal do RGS lançou em Pelotas no início do mês de dezembro de 2003, o livro Raiou a Alvorada: intelectuais negros e imprensa, Pelotas (1907-1957). A obra resgata a história do jornal A Alvorada. Criado 19 anos depois da abolição da escravatura no Brasil, o jornal pretendia ser a tribuna de defesa dos operários e dos negros de Pelotas. De acordo com os seus fundadores ele obedecia a um programa de luta contra a discriminação racial e em defesa do operariado.
A publicação identificada em seu cabeçalho como periódico literário noticioso e crítico esmerou-se em semear a consciência da comunidade entre os negros pelotenses. Através de cinco páginas, os intelectuais negros buscavam intervir nos problemas da sua comunidade.
Os redatores também procuravam incentivar uma mudança de comportamento na educação e até na postura social dos leitores. Com a campanha Pró-educação, sustentada durante o ano de 1934, que pregava a educação formal das crianças, o jornal chegou a ter 3 mil leitores no final da década de 1940 e início dos anos 50.
Na redação trabalhavam sindicalistas, sapateiros, tipógrafos, médicos, engenheiros e comerciantes, entre eles o primeiro médico negro da região, Durval Penny, além de Carlos da Silva Santos, o primeiro negro eleito deputado no Rio Grande do Sul.
(Fonte: Jornal Correio do Povo – Domingo, 14 de dezembro de 2003 CIDADES ANO 40 N.º 105 Pág. 16)