Marcos Freire, advogado, educador e ministro, além de deputado federal e senador pelo antigo MDB.

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Marcos Freire: moderação no cargo

Marcos Freire (Recife, 5 de setembro de 1931 – sul do Pará, 8 de setembro de 1987), advogado, educador e ministro que também exerceu os mandatos de deputado federal e senador pelo antigo MDB em Pernambuco.

Marcos Freire foi Ministro da Pasta da Reforma Agrária, quando morreu em acidente aéreo.

Ingressou na Faculdade de Direito do Recife em 1950, obtendo o bacharelado em 1955. Nesse período participou ativamente da política estudantil.

Iniciou-se no magistério universitário em 1957, como professor na Faculdade de Ciências Econômicas, função que exerceria até 1968. Em 1963, tornou-se Secretário de Assuntos Jurídicos e, mais tarde, de Abastecimento e Concessões da prefeitura do Recife, permanecendo nesse cargo até o golpe militar de 31 de março de 1964, quando era filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB).

Em 1967, tornou-se professor titular da cátedra de Direito Constitucional da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco.

Em 1968 é eleito prefeito de Olinda, na legenda do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) – obtendo mais do que a soma dos votos dados aos dois outros candidatos, que concorriam por sublegendas do partido do governo.

Entretanto, renuncia ao cargo, pouco antes de assumi-lo – em protesto contra a cassação do mandato do vice-prefeito eleito, Renê Barbosa, pelo Ato Institucional nº 5 de 13 de dezembro de 1968.

Afastado da política, passa a lecionar na Escola Superior de Relações Públicas de Recife, onde permaneceu até 1970, quando se candidatou e foi eleito deputado federal por Pernambuco, na legenda do MDB, com a maior votação do estado.

No ministério de José Sarney, Marcos Freire distanciava-se da figura que encarnava nos anos 70, quando, senador do MDB, era uma das vozes mais vigorosas da oposição no chamado “grupo autêntico” do partido.

Tornou-se moderado com o passar dos anos e, a partir de 1982, quando foi derrotado por Roberto Magalhães, então do PDS, nas eleições para governador de Pernambuco, apagou-se como liderança no PMDB. Desde a volta do atual governador, Miguel Arraes, do exílio, Marcos Freire ganhou um concorrente de peso em seu Estado.

Da presidência da milionária Caixa Econômica Federal mudou-se para a chefia de um ministério desimportante em maio. No entanto, uma luz parecia termer à boca do túnel. Sua atuação no ministério ficou dentro da receita desejada por Sarney e, em Pernambuco, já se falava em Marcos Freire para a disputa das eleições para a prefeitura do Recife, em 1988, num momento em que Arraes parecia interessado em reaproximar-se dele.

UM SÍMBOLO – A morte de Marcos Freire, aos 56 anos, comoveu o país e abalou especialmente Pernambuco, seu Estado natal, onde o enterro do ministro se transformou numa enorme demonstração popular de dor e numa manifestação política.

No centro de Recife, uma multidão de 10 000 pessoas tomou a Praça Adolfo Cirne, diante da Faculdade de Direito.

Habilidoso à frente de um ministério de ficção, Marcos Freire, acabou sepultado como um símbolo, quase um mártir da reforma agrária. Numa pasta cheia de desafios e vazia de recompensas, ele deixou boa impressão em sua curta passagem pelo cargo, principalmente pela moderação.

O ministro não acelerou a reforma, que também desandara nas mãos de seus dois antecessores no cargo. Ele conseguiu, no entanto, equilibrar-se bem entre fazendeiros, posseiros e invasores de terra.

Do jato Hawker Siddeley 125, da Força Aérea, sobravam pedaços disformes. A última viagem de Marcos Freire durou exatamente 6 segundos. Às 7 da noite de 8 de setembro, o ministro e os acompanhantes tomaram o jato no aeroporto de Carajás, a 664 quilômetros de Belém, e provavelmente mal se deram conta do que aconteceu depois da decolagem. A 600 metros da cabeceira da pista, o avião bateu a asa direita numa árvore de 40 metros de altura, afundou na Floresta Amazônica e espatifou-se no solo, explodindo.

Durante o dia, o ministro circulara pela Amazônia em aviões a hélice. Ao partir de Carajás para Brasília, à noite, tomou o mesmo jato que o levara até o Pará pela manhã. Ironicamente, antes de trocar os aviões menores pelo jatinho da FAB, manifestou alívio.

(Fonte: Veja, 18 de junho de 1975 – Edição 354 – Pág: 18/19)
(Fonte: Veja, 16 de setembro de 1987 – Edição 993 – BRASIL – Pág: 20/21)

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