PRIMEIRO ESTRANGEIRO A VIAJAR COMO TURISTA PELA CHINA COM UM CARRO
Alain Chaix, professor de Educação Física em Toulouse, França. Trocou o papel de professor pelo de um aventureiro em busca do desconhecido. Cruzar o planeta de norte a sul e de leste a oeste num Citroen 2 cv (cavalos). Enquanto a idéia não passava de um projeto no papel, quase mingúem acreditava na façanha Seu primeiro objetivo da viajem: chegar à Turquia. O primeiro obstáculo estava vencido. Cruzar o Oriente Médio foi uma tarefa complicada, a cada 30 quilômetros, foi parado nas inúmeras barreiras do exército e das policias Síria e jordaniana. Após passear pelo tranqüilo deserto da Arábia Saudita, ele foi impedido de entrar nos Emirados Árabes, no Golfo Pérsico, pois estavam com o visto.
O jeito foi atravessar de barco de Abu-Dabi (no Catar) a Karachi (no Paquistão) e de lá seguir caminho para a Índia. Alain Chaix não chegou a ser tão radical quanto o navegador e também aventureiro Amir Klink que viveu meses isolado, mas foi um viajante solitário.
A família e a França ele só reviu uma vez, em 1990. Sua aventura durou dez anos. Após um ano de viagem, os oito mil dólares acabaram. Na Austrália (82/83), Alain publicou reportagens em jornais e revistas sobre a viagem que começara e fez propagandas publicitárias. Com dinheiro no bolso seguiu para o continente Asiático Cingapura, Tailândia e a selva humana de Hong-Kong. Em território chinês, além de conseguir dinheiro, Alain precisava adquirir a confiança do governo para viajar tranqüilamente pelo país. A solução foi lecionar na Aliança Francesa de Hong-Kong durante seis meses, enquanto aguardava a decisão das autoridades.
Conseguiu. Alain Chaix foi o primeiro estrangeiro a viajar como turista pela China com um carro. Fato inédito e inesquecível. Enquanto se abria em julho de 1984 o caminho de Pequim, se fechava um sonho realizado.
Depois da hospitalidade chinesa, fica mais simples encarar o Japão. O Oriente já conhecia um pouco da história do francês através dos jornais e foi fácil negociar um curso de japonês em troca da divulgação da escola Berlitz.
O equilíbrio e a paz orientais foram quebrados ao chegar aos Estados Unidos, um ano depois (85). Na América partiu rumo ao Canadá, Alaska e Ártico. De volta à Florida, o piloto cuidou do infalível Citroen, durante 10 anos sofreu várias recauchutagens. Caiu na estrada para cumprir a última e temporária etapa da viajem de Alain: conhecer as Américas Central e do Sul, para chegar ao Brasil, ponto final da aventura.
(Fonte: Revista MANCHETE 23 de novembro de 1991 AVENTURA Por Lucia Rego Pág. 39/40/41/42/43)