Orlando Orfei, uma das maiores lendas do circo mundial. Uma lenda do circo no Brasil

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Orlando Orfei: uma vida dedicada ao picadeiro

Domador. Orfei com uma de suas leoas, no circo, aos 70 anos, em 1990 - (Foto: Marco Antônio Teixeira/19-09-1990)

Domador. Orfei com uma de suas leoas, no circo, aos 70 anos, em 1990 – (Foto: Marco Antônio Teixeira/19-09-1990)

Orlando Orfei (Riva del Garda, na Itália, 1920 – Rio de Janeiro, 1º de agosto de 2015), artista e domador italiano radicado no Brasil, foi uma das maiores lendas do circo mundial. Uma lenda do circo no Brasil

No final da década de 1960, veio ao Brasil para o Festival Mundial do Circo e decidiu se estabelecer no país. Em 1969, inaugurou o Circo Nazionale D’Itália, em São Paulo, e, em 1972, fundou o Tivoli Park, no Rio de Janeiro. Durante duas décadas, o Tivoli foi um dos parques de diversões mais famosos do país.

Orfei foi responsável por várias inovações no mundo circense. Substituiu a propaganda em folhetos por grandes outdoors, trocou as pesadas e perigosas lonas de algodão por plástico e criou um sistema para aquecer os circos durante o inverno europeu.

Como domador, procurou dar humor ao ofício: sentava nos leões, simulava fazer a barba com o rabo de um, deitava ao lado de outro, conversava com os animais.

Na jaula, poderiam estar cinco, seis, até oito animais. Os adultos aplaudiam enquanto as crianças se espantavam porque não eram os animais domésticos aos quais estavam acostumadas: eram tigres, leões e outras feras, daquelas que se veem em filmes, mas raramente ao vivo.

Também na jaula, um homem alto e forte falava italiano, dava ordens, sorria, abraçava e podia até beijar uma leoa. Tranquilo, ele parecia estar se divertindo e aumentava a lenda em torno de si. Os animais se curvavam a Orlando Orfei. O público, gerações de pessoas em diversos países, sobretudo no Brasil, também.

Uma das maiores lendas do circo mundial, Orfei, um italiano nascido em 1920 em Riva del Garda, na Itália, e abrigado no Brasil desde o fim da década de 1960, Orfei começou a se apresentar como palhaço ainda na infância, aos 6 anos. Foi numa visita ao país, durante o Festival Mundial do Circo, no Maracanãzinho, que o artista se apaixonou pelo Brasil.

Decidido a ficar, contou com a ajuda dos amigos para montar o Circo Nazionale D’Itália Orlando Orfei, que estreou em São Paulo, em 1969. Três anos depois, fundou o Tivoli Park, na Lagoa, num terreno cedido pelo então governador Chagas Freitas.

Popular também na Europa, o artista foi recebido por quatro papas e tinha várias condecorações do governo italiano e de Estados e municípios brasileiros.

Lenda do circo mundial, Orlando Orfei é o tema do documentário “Orlando Orfei — O homem do circo vivo”.

Eu nunca fiz nada de extraordinário. Apenas trabalhava, e o público gostava. Assim nasceu uma amizade normal entre mim e as pessoas — conta ele. — Eu nasci no circo. Com sete anos já trabalhava no circo. A gente costuma dizer que entrar no circo é difícil, mas sair é ainda mais difícil.

Com narração de Werner Shünemann e trilha sonora de BNegão, Rodrigues e Pedro Selector, o documentário percorre a trajetória de Orlando e de sua família, com metade de suas cenas rodadas na Itália, onde, até hoje, os Orfei são referência na arte circense. Na família, conta-se a história de um antepassado do início do século XIX que era padre, mas se apaixonou por uma cigana que se apresentava nas ruas levando ursos bailarinos.

— O filme é uma homenagem a ele, mas também conta um pouco da história do circo — diz o diretor, Sylas Andrade. — O Orlando sempre foi um artista incrível, com um carinho imenso pelas pessoas e pelos animais que ele domava. Eu me lembro da primeira vez em que fomos entrevistá-lo. Ele estava um pouco mal-humorado, mas aí foi só abrir a porta de casa e ouvir o latido dos cachorros que ele começou a sorrir.

Orlando vive hoje em Nova Iguaçu com a mulher, Herta, uma austríaca de 78 anos, que, como o marido, domava animais. No caso, pombos.

— Há uma coisa que é preciso fazer e que eu fazia para ficar perto dos animais: é querer bem a eles. Se você gostar deles, eles vão corresponder. Eu nunca os tratei como animais. Tratava como amigos — diz Orfei.

Foi justamente quando teve que se separar dos animais que o circo fechou. A partir dos anos 2000 vários estados brasileiros foram proibindo o uso de animais, justamente sua maior paixão, o que fez com seu circo encerrasse completamente as atividades em 2008

Antes, Orfei já havia sofrido um baque: ele foi o criador e proprietário do Tivoli Park, que funcionou durante 23 anos na beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, onde hoje se situa o Parque dos Patins, mas que foi fechado pela prefeitura em 1995.

Cesar Maia, prefeito na época, explica no documentário que a concessão do Tivoli não foi renovada porque um estudo feito na ocasião indicava que o melhor para o local era abrigar um parque público.

Há muita estupidez de quem não conhece o circo. Primeiro, os homens são estúpidos em dizer que ter animais em circo é negativo. As crianças adoram os bichos, eles passam um sentimento bom — diz Orfei.

A mesma coisa foi com o parque. Criei o Tivoli porque um parque de diversões tem uma essência circense. Recebíamos 14 mil pessoas num dia de fim de semana. Mas Cesar Maia era contrário ao parque e ao circo.

O discurso de Orfei é o de um artista que, até hoje, nutre uma paixão por seu trabalho. Numa cena do filme, ele é perguntado sobre o que faria se não existisse o circo. A resposta vem logo: “Eu o inventava”.

Lenda do circo mundial, Orlando Orfei morreu em 1º de agosto de 2015, aos 95 anos. O artista estava internado no HSCOR de Duque de Caxias devido a uma pneumonia. Orfei sofria de Alzheimer.

(Fonte: Zero Hora – ANO 52 – Nº 18.192 – 4 de agosto de 2015 – TRIBUTO – Pág: 34)

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/orlando-orfei-uma-vida-dedicada-ao-picadeiro-10865724 – CULTURA – ANDRÉ MIRANDA – 24/11/13)

(Fonte: http://oglobo.globo.com/rio -17055885#ixzz3hfKTQJir – RIO DE JANEIRO/ POR O GLOBO – 02/08/2015)

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