PRIMEIRA VEZ QUE OS SINDICATOS OFICIAIS ADOTARAM UMA RESOLUÇÃO SEM PEDIR AUTORIZAÇÃO DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA
Sem tutela, sindicatos búlgaros ganham independência. Foi rompido nas últimas semanas de novembro na Bulgária, rompendo finalmente o imobilismo de um país considerado como um dos parceiros mais fiéis da URSS de Stálin e Brejnev.
Na manhã de 10 de novembro, o mundo recebia as primeiras notícias da demissão de Todor Zhikov, que durante 35 anos esteve a frente do poder em Sófia.
Mas imediatamente ficou claro que o PC búlgaro havia nomeado como sucessor Peter Mladenov, 53, por considerá-lo um dos poucos capazes de buscar soluções para a difícil situação sócio-econômica do país e liderar a onda de renovação que um após outro, conquista seus parceiros do Leste europeu.
No último dia 25, duas semanas depois da troca da antiga guarda, os sindicatos oficiais búlgaros já se sentiam fortes o suficiente para se declararem independentes do Partido Comunista, declararam seus líderes ao final de uma agitada plenária realizada em Sófia.
Na resolução publicada logo em seguida, os sindicatos fizeram uma série de reivindicações que até alguns meses atrás era impensável de ser exigida e, muito menos cumprida. A partir de agora, eles querem que o governo divulgue o montante da dívida do país, do déficit orçamentário, das taxas de inflação, das despesas com a manutenção do aparelho de Estado, do déficit comercial com outros países do Leste e, ainda do nível de vida das diferentes camadas da população.
Foi a primeira vez que os sindicatos oficiais adotaram uma resolução sem pedir autorização do Comitê Central do Partido Comunista. O próximo passo será a aproximação com o sindicato independente Podkrepa, que já vinha tentando acesso aos segredos econômicos do Estado.
(Fonte: Revista ISTOÉ SENHOR, 06 de dezembro, 1989 INTERNACIONAL N.º 1055 Pág. 103/104/105)