Primo Carbonari foi um dos pioneiros do gênero docudrama que associava dramatização aos fatos reais.
Primo Carbonari (1919 – São Paulo, 21 de março de 2006), documentarista que durante 45 anos registrou no Cinejornal boa parte da evolução da indústria nacional, da política, do esporte e da cultura do País.
O documentarista Primo Carbonari foi o responsável durante 45 anos por mais de três mil edições do Cinejornal, que era apresentado nos cinemas da capital paulista, Norte e Nordeste do país, antes da exibição dos filmes em cartaz.
De 1929 a 1990, Carbonari registrou as imagens que marcaram a política, o desenvolvimento da indústria e da medicina, os destaques do esporte, com imagens dos gols de Pelé e dribles de Garrincha, os desfiles das escolas de samba, imagens que eram exibidas antes dos filmes, nos cinemas.
Um pioneiro do documentário
“Tudo começou com a Lei da Obrigatoriedade do Curta, que surgiu em 1937 e obrigava que curtas-metragens nacionais fossem exibidos antes dos filmes nos cinemas. A lei caiu em 1990, com o fim da Embrafilme, conta o produtor e diretor Eugênio Puppo, que prepara o documentário Ampla Visão, que vai contar a história recente do Brasil por meio das lentes de Carbonari. O filme deverá ser finalizado no primeiro trimestre de 2007.
Carbonari foi um dos maiores documentaristas de São Paulo. Seu acervo apenas começa a ser recuperado e parte dele vai virar um longa-metragem. É o projeto Ampla Visão, nome que remete ao nome que o próprio Carbonari tinha dado ao seu acervo: Amplavisão.
Carbonari morreu em sua residência, na Barra Funda, zona oeste da cidade, de morte natural. Por causa de sua obesidade, Carbonari já não saía mais da cama.
Parte das edições do Cinejornal está fragmentada, mas o que se pode ver sugere uma extraordinária riqueza de imagens.
O Projeto Ampla Visão
O Projeto Ampla Visão deve catalogar e recuperar todo o acervo da produtora de Primo Carbonari, que contém mais de 8 mil rolos de filmes e cem fitas de vídeo.
Primo Carbonari tem um grande trunfo, foi um grande documentarista por ter registrado fatos importantíssimos da história do Brasil por conta de sua obsessão por filmar fatos políticos. Existem mais de 3200 edições do Cinejornal, coisas raríssimas, disse Puppo.
Alguns amavam e outros odiavam o “Cinejornal”. Mas ninguém ficava indiferente. “São cenas históricas. Ele filmou a posse de todos os presidentes da ditadura, do JK, do Jânio Quadros, Café Filho, Getúlio. Isso não pode ser ignorado”, defende Puppo.
(Fonte: http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2006/not20060322p1928 – CADERNO 2 – CINEMA – 22 de Março de 2006)