Mies van der Rohe: o arquiteto e o vidro
O último clássico
A ARQUITETURA SEM MIES
Ludwig Mies van der Rohe (Aachen, 27 de março de 1886 – Chicago, 17 de agosto de 1969), arquiteto alemão mais importante do movimento modernista.
Ele nunca se formou em arquitetura, mas era um dos maiores arquitetos do mundo. Ludwig Mies van der Rohe, ao morrer dia 17 de agosto de 1969, em Chicago, aos 83 anos, fez com que o prestígio da Escola Bauhaus sofresse novo grande abalo, pouco mais de um mês depois da morte de Walter Gropius, fundador da Bauhaus em 1919. Mies van der Rohe, um alemão filho de mãe holandesa, dirigiu esse importante instituto alemão de arquitetura e desenho industrial, entre 1930 e 1933, quando a escola já havia sido transferida de Weimar, onde foi criada, para Berlim.
Quatro anos depois, com o fechamento da Bauhaus pelos nazistas, Van der Rohe trocou definitivamente a Alemanha pelos Estados Unidos, onde foi chefe do departamento de arquitetura do Instituto de Tecnologia de Illinois, em Chicago, até sua morte. Tido como um clássico da arquitetura moderna, Mies foi também um revolucionário: em 1919 começou a estudar o emprego de estruturas metálicas combinadas com o vidro os célebres arranha-céus de vidro -, referência importante para todos os arquitetos de hoje. Por essa época ele trabalhava no escritório do arquiteto industrial alemão Peter Behrens, em Berlim, onde também trabalharam Gropius e Le Corbusier.
As muitas obras-primas Embora toda a crítica mundial seja unânime em reconhecer a importância da obra de Mies van der Rohe, ela se divide quando quer indicar apenas uma obra-prima entre os muitos edifícios e residências que projetou nas principais cidades do mundo. O Pavilhão da Alemanha para a Exposição Internacional de Barcelona é um Partenon contemporâneo, disse o crítico Peter Blake. Ele acha que Van der Rohe construiu, num morro de Barcelona, em 1929, a mais bela estrutura de uma era.
(Nesse mesmo ano, como desenhista industrial, Mies criou a cadeira Barcelona, moderna e atual até hoje.) Outros críticos escolhem para obra-prima a Galeria Nacional de Berlim Ocidental (1965), mas há também quem prefira o conjunto de edifícios de apartamentos em Chicago (1951). São torres de aço e vidro, a dramática cristalização de toda uma arquitetura baseada na moderna tecnologia. Adoentado e preso a uma cadeira de rodas há mais de um ano, Mies van der Rohe não se preocupava com essas divergências da crítica: até os últimos momentos, a sua grande preocupação continuavam a ser os projetos que tinha em andamento em Toronto, Washington, Montreal ou Chicago.
(Fonte: Veja, 27 de agosto de 1969 – Edição n° 51 – ARTE – Pág; 69)
(Fonte: Veja, 10 de julho de 1974 – Edição nº 305 – ARTE/ Por Marinho de Azevedo – Pág; 120/121)