Leny Eversong, cantora que foi intérprete de respeito na história da música popular brasileira

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Leny Eversong: diva esquecida

Leny Eversong: declínio com a bossa nova

 

 

Leny foi a 1ª brasileira a cantar em Las Vegas apenas por suas qualidades de cantora

 

 

Leny Eversong (Santos, 1° de setembro de 1920 – São Paulo, 29 de abril de 1984), cantora que foi intérprete de respeito na história da música popular brasileira.

Cantora que se celebrizou na década de 50 no Brasil com a versão da canção Mack, the Knife, de Bertold Brecht e Kurt Weil.

A cantora que ficou célebre nos anos 50 como a “melhor intérprete brasileira de músicas americanas”. Hilda Campos Soares da Silva, seu nome verdadeiro, começou a carreira cantando óperas, mas logo adotaria o pseudônimo artístico com que ficou conhecida e passaria a incluir canções americanas em seu repertório.

A receita deu certo. Dona de voz poderosa e maleável de contralto adaptou-se bem às composições de jazz que faziam sucesso em todo mundo, como Jezebel, imortalizada por Edith Piaf, que ficou famosa internacionalmente nos anos 50, cantora brasileira chegou a fazer temporadas anuais nos cassinos de Las Vegas e a gravar nos Estados Unidos e na França.

Começou aos 12 anos, em 1932, apresentando-se no Programa Hora Infantil, da Rádio Clube de Santos (SP). Depois de realizar um teste, foi contratada para atuar no programa noturno da emissora. Cantando música brasileira e foxes norte-americanos, estilo no qual acabou se especializando, em pouco ela tempo passou a ser conhecida como Hildinha, a Princesa do Fox. Depois, em 1935, começou a atuar na Rádio Atlântica, também em Santos, sua cidade natal.

Foi quando estreou com seu famoso nome artístico e passou a cantar apenas em inglês, decorando as letras. Aos 16, já se apresentava na Rádio Tupi, do Rio, e no Copacabana Palace Hotel, passando também pelo disputado Cassino da Urca. Seguiram-se outras rádios e cassinos até que, em 1942, Leny gravou seu primeiro disco 78 rpm, cantando temas de filmes famosos como Lady Crooner, da orquestra de Anthony Sergi, o Totó.

Leny começou sua carreira na década de 30, apresentando-se em programas de rádio e casas noturnas.

Nos anos 50, ela chegou a excursionar pelos Estados Unidos e foi apontada como uma das principais divas do canto nacional.

Seu repertório nunca privilegiou esse ou aquele gênero musical. Leny Eversong interpretava canções de Kurt Weill (1900-1950), como (Mack the Knife) e o jazz Swing Low, Sweet Chariot com a mesma competência com que se debruçava sobre bolerões como Granada – que os cantores de programas de calouros da época invariavelmente escolhiam para exibir seus pretensos dotes vocais.

Em 1957, numa excursão bem-sucedida pelos Estados Unidos, acabou assinando contratos que a mantiveram dez anos fora do país. Voltou ao Brasil no auge da bossa nova e sua carreira entrou em declínio.

Eclética e internacional

Foi na segunda metade dos anos 50 que Leny viveu o auge de sua carreira. Foi capa das principais publicações brasileiras e trazia a tiracolo uma invejável agenda internacional – incluindo Las Vegas, Nova York e Paris -, cantando em grandes teatros e cassinos. “Leny foi a primeira brasileira a cantar em Las Vegas apenas por suas qualidades de cantora. A Carmen Miranda foi um caso extraordinário, porque foi para lá depois de fazer cinema. A Leny não. Foi sem filme, sem nada, cantando em inglês”, compara a cantora Carminha Mascarenhas.

Apesar de gravar em português desde o início dos anos 50, suas interpretações mais empolgantes foram mesmo standards do repertório internacional. Jezebel, El Cumbanchero, Summertime, Jalousie, Fascination, Mack the Knife e Granada foram alguns de seus grandes êxitos no rádio, no palco e na TV.

Nas décadas de 40 e 50 fazia grande sucesso a peruana Yma Sumac. E de repente viram que em matéria de extravagância e extensão vocal o Brasil tinha uma representante mais interessante que a Yma, pois ela não cantava com tanta expressão ou em tantas línguas quanto a Leny, que cantou em todas que se possa imaginar.

Mesmo sendo uma figura tão célebre e única no estilo, ela faleceu em 29 de abril de 1984, no total ostracismo, aos 64 anos, de insuficiência cardíaca, vítima de diabetes depois de quarenta dias internada, em São Paulo.

(Fonte: Veja, 25 de abril de 1984 – Edição 816 – DATAS – Pág: 92)

(Fonte: Veja, 9 de maio de 1984 – Edição 818 – DATAS – Pág: 82)

(Fonte: Veja, 8 de maio de 2002 – ANO 35 – N° 18 – Edição 1750 – LIVROS – Pág: 124/125)

(Fonte: http://cliquemusic.uol.com.br – Leny Eversong: os 80 anos da diva esquecida/ Por Rodrigo Faour – 31/08/2000)

 

 

 

 

 

Leny Eversong, grande cantora esquecida pelo Brasil, é ignorada até no centenário de nascimento

 

Coube ao pesquisador musical Rodrigo Faour lembrar em rede social nesta quinta-feira, 10 de setembro de 2020, um fato que o Brasil que pareceu ter esquecido: Leny Eversong (1920 – 1984) existiu!

Entusiasta de vozes potentes e grandiloquentes como a de Eversong, Faour é o produtor de três das quatro coletâneas editadas em CD, entre 2002 e 2012, com gravações da fase áurea dessa cantora paulista, nascida em Santos (SP) há exatos 100 anos.

Sim, Leny Eversong veio ao mundo como Hilda Campos Soares da Silva em 10 de setembro de 1920 – e não em 1º de setembro, como consta erroneamente em sites sobre a artista.
Ao morrer em 29 de abril de 1984, na cidade de São Paulo (SP), Leny já estava esquecida. Talvez porque tenha se afastado paulatinamente da carreira a partir do início dos anos 1970 por questões pessoais.
Intérprete poliglota, Leny Eversong deu voz volumosa a repertório predominantemente cantado em inglês, mas que incluiu temas em espanhol, francês, italiano e, sim, português.

Egressa das emissoras de rádio e dos cassinos, a cantora gravou discos regularmente ao longo das década de 1940 e 1950. Esta fase áurea da discografia é composta por singles de 78 rotações por minutos, editados entre 1942 e 1961.

As quatro coletâneas da artista editadas em CD – A voz poderosa de Leny Eversong (2002), A grande Leny Eversong (esta produzida em 2004 por Leon Barg, do selo curitibano Revivendo), Grandes vozes (série de compilações lançadas 2007) e Super divas (série de 2012) – oferecem ótimas amostras da potência vocal da cantora.

Pela fluência com que cantava em inglês, sem qualquer sotaque que poderia ter evocado a origem brasileira, Leny cumpriu bem-sucedidas temporadas nos Estados Unidos, na Europa e em vários países da América Latina.

No Brasil, o estilo peculiar de interpretação de Leny Eversong – eternizado em gravações com proeminentes arranjos orquestrais – expunha a técnica à frente da emoção e fazia com que a cantora soasse estrangeira no próprio país, mais receptivo para vozes sentimentais. O que fez com que Leny jamais tivesse obtido a coroação popular das rainhas da era do rádio, mesmo tendo gravado numerosos sambas e sambas-canção em discografia que inclui álbuns como A voz de Leny Eversong (1956), Leny Eversong na América do Norte (1957), Leny em foco (1957) e Ritmo alucinante (1958).
Embora associada a um tempo específico da música, os anos 1940 e 1950, a voz farta de Leny Eversong esbanjava afinação que, por si só, garante à cantora um lugar singular na história da música brasileira – o que torna ainda mais injusto o esquecimento do centenário de nascimento da artista pelo Brasil.
(Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2020/09/10 – POP & ARTE / MÚSICA / MEMÓRIA / BLOG DO MAURO FERREIRA – 10/09/2020)

Por Mauro Ferreira

Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em ‘O Globo’ e ‘Bizz’.

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