Mikhail Borodin (9 de julho de 1884 29 de maio de 1951), agente com larga experiência político-militar à serviço da Internacional Comunista, ou emissário do Comintem.
A partir de 1919, à medida que o poder soviético ia se consolidando na antiga Rússia, Lênin e seus camaradas começaram a empreender um esforço sistemático para expandir a revolução.
Em março daquele ano reúne-se pela primeira vez em Moscou aquela que viria a ser a Internacional Comunista. O chamado dos bolcheviques para que se formem partidos comunistas ao redor do mundo vai ser respondido em diferentes escalas nos cinco continentes.
Tratavam-se de homens com larga experiência político-militar. O emissário da revolução fez parte de uma corte de agentes profissionais da transformação social, que corriam o mundo orientando os movimentos comunistas locais.
No verão de 1919, um estrangeiro com sotaque americano apresenta-se na sede do jornal socialista mexicano El Heraldo. Era Borodin, um enviado da Internacional Comunista para sondar a possibilidade de criar PCs na América.
Pede para falar com o secretário do Partido Socialista, que vem a ser um hindu, Manabendra Nath Roy. Ambos se conheciam. Pouco antes, Borodin havia vivido uma peripécia típica dos romances de espionagem. Encarregado de transportar e vender ilegalmente nos Estados Unidos “uma grande quantidade de antigas joias da Coroa czarista”o emissário soviético atravessa a Europa com nome e passaporte falsos, “levando as joias escondidas no forro de duas sólidas malas de couro”.
Na viagem para Nova York, entretanto, as malas se extraviam. Só seriam recuperadas bem mais tarde com a ajuda de Roy, o qual por sua vez estará no ano seguinte em Moscou discutindo com Lênin a estratégia a ser usada nos países “coloniais e semicoloniais”.
(Fonte: Veja, 10 de julho de 1991 – Ano 24 – N° 28 – Edição 1190 – LIVROS/ Por André Singer – Pág: 78/79)